São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Frente anti-Maluf

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, foi procurado pelo candidato tucano à prefeitura paulistana, José Serra.
O tucano sabe que Paulinho é filiado ao PTB. Não poderia dar apoio explícito a um candidato do PSDB. O que Serra queria era acertar um eventual apoio para o segundo turno.
"Se tivermos um segundo turno entre um diabo e o candidato do Maluf, eu apoio o diabo", disse Paulinho.
Serra saiu feliz do encontro. Afinal, o sindicalista tem nas mãos uma das maiores organizações de trabalhadores da América Latina.
Mas a declaração de Paulinho representa muito mais do que um pouco de alívio para o tucano. Serra (PSDB) ou Erundina (PT) no segundo turno, o fato é que está para renascer um movimento enterrado há alguns anos pelos paulistanos.
O prefeito Paulo Maluf enfrentará a sua maior oposição desde a época em que tentou ser o último presidente indireto no regime militar.
"Será uma grande frente anti-Maluf. Vamos lembrar todos os podres dele", diz Paulinho, que no passado já foi aliado do atual prefeito e hoje não vê o menor problema em apoiar a petista Luiza Erundina.
Essa frente anti-Maluf será mais eficiente do que as pedradas esparsas jogadas recentemente no prefeito.
Maluf sempre foi considerado inofensivo pelos políticos nos últimos anos. Era personagem de piadas. Estava desmoralizado. Sua alta rejeição fazia o serviço natural de alijá-lo de grandes disputas.
Quando ganhou a Prefeitura de São Paulo, ninguém o atacou para valer. Apostavam que faria apenas uma gestão oca, cheia de obras de fachada.
Ao que tudo indica, Maluf fez obras de fachada. Só que melhorou muito sua imagem. A ponto de praticamente eleger prefeito um completo desconhecido na maior cidade do país.
Em resumo, Maluf voltou a ser uma opção de poder. Finalmente FHC tem oposição de verdade. O prefeito pagará o preço. Será um espetáculo e tanto.

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