São Paulo, domingo, 29 de setembro de 1996
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Escolha do ponto deve ser ponderada

PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

O alto custo de uma loja em shopping center deve fazer com que os lojistas voltem sua atenção para o comércio de rua.
Aluguel, luvas (valor pago pelo ponto), taxas de condomínio e de fundo de promoção são alguns dos principais fatores que estão afastando empresários de shopping.
Apesar das desvantagens do comércio de rua -falta de segurança e de campanhas promocionais e dificuldade de estacionamento-, os custos mais baixos e a maior liberdade para gerir o negócio voltaram a atrair lojistas.
O comércio de rua comporta, principalmente, lojas de serviços e de alimentação. "É onde o consumidor vai com o intuito de comprar", afirma Tadeu Francisco Masano, da Estudos Empresariais.
Segundo ele, também se dão bem na rua lojas populares, que vendem produtos a preços baixos.
"O sucesso de uma loja na rua depende também de facilidade de transportes públicos no local", lembra Carlos Alberto China, sócio da Geomarket.
Os shopping centers, em contrapartida, correm o risco de perder os consumidores de classe média. "Muitos estão cobrando pelo estacionamento. O consumidor não vai mais a shopping para comprar uma meia ou alugar um filme", diz Silvio Augusto Ribeiro, 44, diretor-presidente do grupo Base, que analisa negócios.
Em segurança, conforto e praticidade, os shopping centers ganham disparadamente. Mas os lojistas pagam a mais por isso.
Para se instalar em um shopping, o lojista deve pagar, além dos encargos comuns, uma taxa de condomínio e outra para o fundo de promoção (destinada a campanhas promocionais).
Gastos
Os valores variam de acordo com o local ou tamanho da loja. Mas, em média, o preço de um ponto na rua é de cerca de R$ 5.000 por m². Em shopping, esse valor pode chegar a R$ 12 mil.
Os aluguéis para lojas de rua são, geralmente, mais convidativos -chegando a ser entre 25% e 30% menores do que os cobrados em shopping centers.
"Esse é um forte motivo para acreditar na revitalização do comércio de rua", afirma Gorgatti.
Consumo
Nos últimos dez anos, foram abertos cerca de 140 shopping centers no Brasil. Essa explosão criou uma maior concorrência entre os lojistas.
"Com o crescimento do mercado consumidor e o aumento da concorrência, o lojista de shopping passou a praticar margens de lucro menores, mas os custos continuam maiores", afirma Gorgatti.
O comércio de rua, por sua vez, é favorecido pela estabilidade do real. "O consumidor de classes mais baixas está comprando mais e não frequenta shopping", afirma Salomão Gawendo, 52, vice-presidente da Confederação Nacional dos Diretores Lojistas.
Maurício Stainoff, 41, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo, tem a mesma opinião. "Classes de menor poder aquisitivo estão estimulando o comércio."
Segundo Gawendo, os lojistas da principal rua de Belém (PA) estão se unindo para criar um "condomínio a céu aberto".
Os membros propõem uma uniformidade na fachada das lojas e a criação de um fundo para arcar com segurança e limpeza do local.
"Os custos do lojista aumentam, mas são menores do que os de um shopping center", afirma.
Iniciativa semelhante está sendo desenvolvida na rua São Caetano, em São Paulo, onde os lojistas pretendem aumentar o movimento e conseguir público diferenciado -que atualmente é só de noivas, madrinhas e debutantes.

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