São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Não há espaço para todos, diz consultor

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há espaço no país para todas as marcas que estão construindo fábricas ou têm planos para se instalar no país.
A avaliação é de Dárcio Crespi, vice-presidente da empresa de consultoria Arthur D. Little. Apesar de um mercado em crescimento, ele prevê dificuldades para as novas montadoras. "Praticamente todas estão entrando no país com produção em pequena escala", diz.
As japonesas Honda e Toyota, por exemplo, vão produzir inicialmente, a partir do final de 98, 15 mil carros por ano.
"Família"
Segundo Crespi, para ter chances de sobreviver é preciso produzir pelo menos 100 mil unidades por ano e oferecer uma "família" de produtos.
A francesa Renault, que pretende produzir a partir de 99 no Paraná, é, segundo ele, uma das mais bem posicionadas.
"Por causa da falta de escala, algumas dessas novas empresas devem fechar as contas no vermelho nos primeiros anos", prevê Steven Mandowsky, gerente da área automotiva da Arthur D. Little.
Crespi diz que, além do mercado em alta e da estabilidade econômica, as empresas foram atraídas pelos "benefícios fiscais".
Não apenas pela redução dos impostos de importação de máquinas, autopeças e veículos prontos -prevista na MP (medida provisória) dos carros-, mas também pelos incentivos concedidos por Estados e municípios.
Obstáculos à exportação
Mas quem decidiu se instalar no Brasil para montar um trampolim de exportação para outros países pode se dar mal.
Para Crespi, os incentivos às exportações "não são bons". Ele vê dois obstáculos: câmbio valorizado e o "custo Brasil", que encarece a produção interna em comparação com os concorrentes no exterior.
José Carlos Pinheiro Neto, diretor de Assuntos Corporativos da General Motors, afirma que é preciso adotar uma "política agressiva de exportações" para viabilizar os novos investimentos no Brasil.
A MP que dá incentivos para a instalação de novas fábricas e ampliação das existentes, concede redução do Imposto de Importação, mas exige exportações de veículos ou componentes no mesmo valor das importações feitas.
"Para entrar em outros mercados é preciso ser cada vez mais competitivo", diz.
A GM faturou US$ 700 milhões com exportações em 96. Em 97 deve chegar a US$ 1 bilhão.
Mercado interno
Pinheiro Neto também aposta no crescimento do mercado interno. Com economia estabilizada, diz, o consumidor tem mais confiança para se comprometer com um financiamento de carro por dois ou três anos.
Ele prevê a ampliação do mercado para as camadas de menor poder aquisitivo, a chamada "classe emergente", e um crescimento das vendas de carros usados.
(APF)

Texto Anterior: Montadoras vão investir US$ 13 bilhões
Próximo Texto: Sindicato orgânico divide grupos da CUT
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.