São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

UDR ameaça recorrer à violência

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

O presidente da UDR (União Democrática Ruralista) em Presidente Prudente (SP), Roosevelt Roque dos Santos, disse ontem que os fazendeiros podem responder com violência às invasões dos sem-terra no Pontal do Paranapanema.
"Para repelir a violência, os fazendeiros podem usar tudo o que for necessário, até a violência", disse o presidente da UDR.
A declaração de Santos foi uma resposta à acusação do líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Pontal, José Rainha Jr., de que a UDR está armando pistoleiros: "Pergunto se os fazendeiros podem ou não se defender das invasões".
A direção da UDR reúne-se hoje à tarde para discutir o que fazer em relação às invasões. Na segunda-feira, 1.200 famílias invadiram cinco fazendas em três municípios da região, no extremo oeste do Estado de São Paulo.
O presidente da UDR disse que só são invadidas terras que não possuem seguranças. "As que estão armadas, eles não invadem. Eles sabem quais são."
Rainha disse que há pistoleiros em quatro das cinco fazendas invadidas. Os fazendeiros admitem que mantêm funcionários próximos dos acampamentos dos sem-terra, de 10 a 30 em cada área, mas negam que estejam armados.
O secretário-adjunto da Justiça do Estado de São Paulo, Edson Vismona, 37, disse que não há motivo para conflitos porque "o Estado está contemplando os sem-terra com assentamentos" e ressarcindo os fazendeiros.
Prefeitos
Documento assinado ontem por prefeitos de quatro municípios com terras invadidas (Sandovalina, Teodoro Sampaio, Narandiba e Euclides da Cunha) tem como tema central o desarmamento.
O documento solicita audiência com o governador Mário Covas e com os ministros Nelson Jobim (Justiça) e Raul Jungmann (Reforma Agrária) para tratar do caso.
"Estamos do lado do governo, mas queremos que a polícia esteja mais presente para evitar confrontos e até um massacre", afirmou Rainha.
Os comandos da PM na região afirmam que só podem agir mediante ordem judicial. Os policiais acompanham a movimentação dos sem-terra à distância.
Os sem-terra quebraram ontem 3.000 metros de cercas na fazenda Santa Tereza, em Euclides da Cunha, para preparar a terra para o plantio, segundo o proprietário, Heráclito Macedo, 57.
Ontem, chegaram mais famílias para se juntar aos invasores em Euclides da Cunha, segundo a PM. No município, os sem-terra invadiram 15 alqueires da fazenda Santa Maria, dois da Santa Tereza e dois da Porto Letícia.

Texto Anterior: Polícia de SP vai investigar funcionários 'fantasmas'
Próximo Texto: Ruralista veta reforma em área invadida
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.