São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Moradores comemoram recuo das águas do Paraíba

Localidade turística é destruída por rio e pelo mar

SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOÃO DA BARRA (RJ)

A população de Campos (280 km do Rio), a maior cidade do norte fluminense, festejou ontem a baixa do Paraíba. Os moradores acompanhavam o nível do rio marcado em um muro.
As águas começaram a baixar na noite de anteontem. O Paraíba chegou a quase 11,5 metros acima do nível normal. Ontem à tarde, estava 10,9 metros acima.
Nos municípios em estado de calamidade pública do Rio, a população aproveitou a baixa dos rios para iniciar a limpeza.
A 350 km do Rio, a cidade de Itaperuna teve 60% de sua área urbana alagada, conforme relatório da Defesa Civil do Estado obtido pela Folha. O rio Muriaé voltou ao leito, deixando à mostra o arrasado centro de Itaperuna.
O calçamento foi arrancado pela água, que subiu a até 2 metros de altura em casas e lojas. Na rua General Osório, no centro, o prédio que abrigava uma firma de beneficiamento de arroz desabou.
A 35 km de Itaperuna, o município de Bom Jesus de Itabapoana também contabiliza os prejuízos.
"Perdi tudo. Minha oficina ficava na parte de baixo da minha casa. A água levou tudo", disse o mecânico José Carlos Guimarães, 38.
'Bomba'
A cheia do rio Paraíba do Sul acelerou o processo de destruição pelo mar do vilarejo de Atafona, em São João da Barra (município 330 km ao norte do Rio). Atafona fica na margem direita da foz do Paraíba do Sul. Há 30 anos que o mar invade áreas construídas, destruindo casas, ruas e até a igreja.
Desde sexta-feira, quando começaram as inundações, o oceano voltou a atacar Atafona.
O ferroviário Gremário Porfírio de Azevedo, 63, conta que a maré alta e o volume de água despejado pelo rio ao lado de Atafona provocaram a destruição de prédios construídos em frente ao mar.
"Parece que jogaram uma bomba", afirmou Azevedo, apontando as casas, muros e até uma piscina destruídas pelas ondas.
Até ontem a Prefeitura de São João da Barra não tinha providenciado a remoção dos escombros na praia de Atafona.
Os funcionários do governo municipal estavam mais preocupados em salvar mobílias, máquinas e equipamentos, já que a sede da prefeitura também foi inundada.
Principal ponto turístico da foz do Rio, a ilha da Convivência praticamente deixou de existir. Os bares e quiosques que atraíam centenas de turistas nas férias e fins-de-semana foram arrastados pela correnteza.

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