São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Dobram menores envolvidos com drogas

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Pelo segundo ano consecutivo, aumentou mais de 100%, em 1996, o número de menores envolvidos com tráfico e uso de entorpecentes na cidade do Rio de Janeiro, segundo estatísticas da 2ª Vara da Infância e da Juventude -repartição da Justiça fluminense que cuida dos menores infratores da capital.
A comparação de 1996 (incompleto) com 1994 mostra que, em dois anos, esse tipo de acontecimento aumentou mais de 300%. Ao todo, no ano passado (até novembro) foram registradas pelo Juizado 3.021 ocorrências, contra 2.484 em 1995.
O crescimento assusta mais se a comparação for feita ao longo de um período maior de tempo. Em 1993, foram 196 os adolescentes presos por envolvimento com drogas; em 1992, 280, e, em 1991, 204, cerca de um sexto do número atingido no período de janeiro a novembro do ano passado.
"O que está havendo é uma subversão da ordem", disse à Folha a juíza da 2ª Vara, Patrícia Acioli.
"O adolescente que mora no morro vê o traficante com dinheiro, carro do ano e até servindo de juiz nas questões locais. Para ele, o criminoso vira um ídolo."
Para a magistrada, o crescimento do envolvimento de jovens com o tráfico também se deve à falta de projetos de atendimento a adolescentes infratores, de opções de lazer e emprego para a juventude e à "desagregação total" das famílias.
Segundo ela, a maior parte dos adolescentes que viraram traficantes são "aviões" (mensageiros que vão aos pontos-de-venda para comprar drogas para os usuários), mas também há casos de jovens que são "soldados" (capangas armados) e "gerentes" (chefes do tráfico de patente intermediária na hierarquia do crime).
O crescimento das ocorrências envolvendo menores e drogas ainda não levou esse tipo de ato infracional a derrubar, na contagem anual, os crimes contra o patrimônio (furto, roubo, latrocínio etc.) do primeiro lugar liderança na lista de infrações cometidas por adolescentes. Mas a inversão de posições aconteceu em alguns meses.
No ano passado, por exemplo, os crimes contra o patrimônio supostamente cometidos por menores foram 1.412, contra os 1.292 envolvendo drogas. Em alguns meses de 1996, porém, o número referente a entorpecentes foi maior que os de roubos, furtos e assemelhados. Foi o caso de setembro (143 a 127) outubro (158 a 116) e novembro (177 a 147).

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