São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Atlântida ressurge

DENISE MOTA
DA REDAÇÃO

A Atlântida está de volta. Ao contrário do homônimo continente lendariamente submerso no oceano Atlântico há mais de 9.000 anos, a companhia cinematográfica que deu voz à malandragem, deboche e sensualidade carioca volta às telas do Brasil a partir deste ano.
A nova produtora de cinema será coordenada pelo Consórcio Severiano Ribeiro & Marcondes, associado ao diretor e produtor Daniel Filho.
Nesse novo formato, Atlântida será a marca com que os filmes realizados por essa produtora, ainda sem nome definido, serão lançados no cinema.
Incentivo
O grupo está negociando a participação de instituições financeiras no funcionamento da produtora e apresentando projetos a diretores, autores e produtores para a montagem da primeira carteira de filmes.
Serão produzidas não apenas comédias, mas filmes de gêneros variados.
A empresa já está associada a cinco novas produções nacionais, por meio do Consórcio Europa Severiano Ribeiro.
Novos
Os novos filmes são "Bela Donna" e "Meu Tio Ataualpa", produzidos por Luiz Carlos Barreto, "O Menino Maluquinho 2", do produtor Tarcísio Vidigal, com o personagem criado por Ziraldo, "Anahy de las Missiones", da produtora Mônica Schmiedt, que tem Marcos Palmeira no elenco, e "Pequeno Dicionário Amoroso", com Andréia Beltrão, que tem estréia prevista para o dia 17 de janeiro no Rio e 31 de janeiro em São Paulo.
Esses filmes, no entanto, ainda não serão lançados no cinema com o selo Atlântida.
O Grupo Severiano Ribeiro é a mais tradicional exibidora brasileira, em funcionamento há quase 80 anos, e possui, atualmente, um circuito de 135 cinemas em todo o país.
O grupo faz parte da história da Atlântida desde 1947, seis anos após a fundação da companhia, quando Luiz Severiano Ribeiro Júnior entrou para a produtora aliado à distribuidora União Cinematográfica Brasileira.
Concursos e exclusividade
Em 1941, a Atlântida foi fundada no Rio de Janeiro.
No ano seguinte, a companhia produziu seu primeiro filme, "Moleque Tião", com Grande Otelo.
A Atlântida realizava, em média, quatro filmes por ano, com diretores exclusivos, como Carlos Manga e José Carlos Burle, e atores como Oscarito, Grande Otelo, Eliana, Anselmo Duarte, Cyll Farney e Fada Santoro.
A companhia captava seus talentos por meio de concursos promovidos pela revista Cinelândia, muito popular nos anos 40 e 50. A atriz Norma Bengell foi uma dessas descobertas.
Sucessos
Produtora de muitas chanchadas e alguns dramas, a Atlântida foi responsável por obras como "Carnaval no Fogo" (1950), filme-revista de Watson Macedo que reunia comédia, romances, brigas e números musicais -elementos que se tornariam características das produções da companhia-, e "Colégio de Brotos" (1956), de Carlos Manga, que conseguiu atrair 250 mil espectadores em uma semana.
Em 1962, a Atlântida encerrou suas atividades como produtora independente com o filme "Os Apavorados".
Depois associou-se a companhias nacionais e estrangeiras em co-produções.

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