São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Em SP, Secretaria da Cultura quer reativar Vera Cruz

DENISE MOTA
DA REDAÇÃO

A Vera Cruz, estúdio paulista criado no final da década de 40 em São Bernardo do Campo, também tem um projeto de reativação na Secretaria Estadual de Cultura.
Coordenado pela secretaria e pela Fundação Padre Anchieta, o Projeto Nova Vera Cruz está recolhendo verbas para a reconstrução dos estúdios de São Bernardo. O espaço dos estúdios é utilizado atualmente para a feira anual de móveis do município.
Segundo Ivan Isola, coordenador do projeto, a recuperação dos estúdios tem custo aproximado de R$ 10 milhões, que serão captados por meio de verbas doadas pelo Estado e empresas privadas.
"Estamos detalhando o projeto. Também estamos acertando com o Sebrae a construção de um local para especialização de mão-de-obra voltada para cinema."
Os estudos arquitetônicos da nova Vera Cruz incluem, além dos estúdios, uma concha acústica e um centro de convivência.
Memória
O projeto também prevê para este ano a aquisição do Acervo Vera Cruz, no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, que contém mais de 150 cópias e cartazes de filmes da companhia.
A compra dessa documentação está orçada em R$ 5 milhões. "Queremos dar um destino público a esse material", diz Isola.
O resgate da memória da Vera Cruz ainda inclui a realização do documentário "Um Certo Capitão Galdino Ribeiro" por Walter George Durst -sobre a transformação do enfermeiro Milton Ribeiro em ator preferido de Lima Barreto- e o lançamento de um CD-ROM.
A Vera Cruz foi fundada em 1949. Entre 50 e 54, a companhia passou por sua primeira fase, com a realização de filmes como "Appassionata" (1952), protagonizado por Tônia Carrero.
Após crises financeiras, a companhia retornou, em 1956, com o nome de Brasil Filmes e produziu mais sete longas.
Novamente sob o nome de Vera Cruz foram feitos, entre 70 e 76, obras como "Pindorama" (71), de Arnaldo Jabor, e "Paixão e Sombras" (76), de Walter Hugo Khouri, que retratava a decadência da companhia.
Abandono
Outras companhias cinematográficas paulistas passam por histórias de abandono. A Multifilmes, fundada em 1952 no km. 24 da rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, depois de, em 1959, ter sido vendida para uma fábrica de instrumentos musicais, está com seu espaço novamente à venda.
Na companhia, foi realizado o primeiro filme colorido brasileiro, "O Destino em Apuros" (1953).
Um estúdio menor, como o Cinderela, atuante na década de 50, hoje é um estacionamento na rua Pedroso, na Bela Vista, região central de São Paulo.
No mesmo bairro, na rua Fortaleza, o Bandeirantes teve mais sorte. Apesar de não existir mais, seu espaço foi ocupado pela Linx Filmes, produtora de comerciais. Na Linx, ainda podem ser vistos equipamentos e materiais produzidos pelo Bandeirantes entre 57 e 58.

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