São Paulo, quinta-feira, 9 de janeiro de 1997
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Gustavo Franco e a monotonia

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - O tal de mercado, essa entidade sem rosto que faz tremer de susto governantes do mundo inteiro, anda assustado com os resultados da balança comercial brasileira.
Cada vez que sai um número mostrando que as importações superaram as exportações (o déficit comercial), há um frisson no mercado, chovem previsões alarmistas, algumas até catastrofistas.
Mas não parecem suficientes para causar o mais leve abalo em Gustavo Franco, o diretor da Área Externa do Banco Central, o satã preferido dos críticos da política cambial brasileira.
"Tudo faz crer que 1997 vai ser um ano monótono outra vez na área externa", diz esse jovem economista que funciona, nestes momentos, como um misto de Delfim Netto e Golbery do Couto e Silva do período militar. Ou seja, o responsável pelo sol e pela chuva.
Monótono outra vez? Pois é. Gustavo Franco jura que fizera idêntica previsão sobre 1996, ao terminar 95. Todos os sobressaltos provocados em 96 pelos sucessivos déficits comerciais não causaram mudança alguma de opinião. "Objetivamente, foi monótono", insiste.
Não se comove sequer com a sua própria previsão de que o déficit deste ano será superior ao do ano anterior, que já provocou tantas análises negativas sobre o futuro da estabilidade e do crescimento.
Nem mesmo a hipótese de não ser aprovada a reeleição, tema de previsões sombrias de seus próprios colegas de governo, muda o ânimo de Gustavo Franco. "Lá fora, a percepção é a de que não haverá reversão nas linhas mestras do programa econômico", diz.
Mais: "O Maluf não é besta nem nada para mudar coisas que estão funcionando", em alusão a Paulo Maluf, o presidenciável que, em tese, mais se fortalecerá se a reeleição não for aprovada.
Pode-se gostar ou não desse menino e de suas teses. Mas que é um atrevido, não há como negar.

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