São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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Azeredo diz que não é "super-homem"

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), disse que sua ausência durante as chuvas não prejudicou o Estado. Ele retornou ontem da Europa.
Azeredo afirmou que não é um "super-homem" e que existe uma estrutura de poder no Estado, justificando sua ausência.
"Eu me ausentei porque o governador, depois de dois anos de mandato, pode se ausentar. Deixei o Estado nas mãos do Agostinho Patrus (presidente da Assembléia Legislativa), que é homem da minha confiança. Não tomaria nenhuma medida diferente dele (Patrus)", afirmou.
Azeredo considerou legal o fato de o vice-governador Walfrido dos Mares Guia também estar fora do Estado, em viagem nos EUA.
Azeredo disse que, depois que a situação agravou, decidiu retornar. Ele teve um encontro anteontem com o papa João Paulo 2º, no Vaticano.
A seguir, os principais trechos da entrevista que concedeu ontem, no Palácio da Liberdade.
*
Pergunta - Esse atraso em seu retorno a Minas Gerais não pode atrapalhar suas pretensões políticas no país?
Eduardo Azeredo - Minha pretensão política é fazer um bom governo em Minas Gerais. Essa é a minha única pretensão política. Eu considero que houve uma mudança muito drástica da situação em Minas Gerais, de uma hora para outra. Quando as notícias chegaram de uma maneira mais consistente, fizeram com que eu cancelasse parte da minha viagem. Não vejo por que haver algum prejuízo ao governo.
Pergunta - Quando o sr. ficou sabendo que a situação era grave, o sr. não voltou porque achou que estava sob controle ou porque não achou passagem?
Azeredo - Eu já expliquei que é uma viagem normal, e tão logo tive as informações necessárias, retornei. Considero que essa discussão não interessa à população mineira. O que interessa saber é quais foram as providência tomadas. Nós temos a consciência de que o que foi necessário fazer foi feito a tempo e a hora. O meu retorno foi para dar continuidade às providências acertadamente tomadas.
Eu tive as informações e, no primeiro momento, as informações eram de que não havia a necessidade do meu retorno. Então, houve a informação de que a situação havia se agravado, o número de mortos era maior. Eu tomei as providências necessárias para retornar, mesmo com as dificuldades que existem num momento desse.
Pergunta - O fato de o sr. viajar juntamente com o vice não foi um erro político? Um dos dois não devia estar presente, independente de estar ou não acontecendo uma tragédia no Estado?
Azeredo - A Constituição mineira prevê que, na ausência do governador, assume o vice. Na ausência do vice, assume o presidente da Assembléia. A rigor, isso é previsto após 15 dias. Eu, para não deixar que o Estado não tivesse representação, e apesar de não ter isso na Constituição, eu tenho solicitado pelo vice ou pelo presidente da Assembléia.
É importante que o Brasil amadureça e que entenda que existem estruturas de governo que têm funcionado e que não existem super-homens. Eu tenho o direito de ter alguns dias de convivência com a minha família.

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