São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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Neozelandeses chegam ao Brasil

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A vinícola neozelandesa Kumeu River Wines acaba de desembarcar no Brasil seus melhores exemplares de uva Chardonnay. Os brancos, especialmente os Sauvignon Blanc e Chardonnay, são o forte do país.
Todos os vinhos podem ser encontrados na Expand Importadora (av. Cidade Jardim, 790, tel. 011/816-2024).
O Chardonnay Kumeu, por exemplo, mescla, de maneira elegante, madeira (certo torrado, pipoca) com boa dose de fruta, num paladar vivaz que lembra um pouco o Chablis (83/100, R$ 45,66).
Já o Maté's Vineyard é mais potente. Ele tem um aroma -que demora para abrir- de fruta intensa (abacaxi, maçã em calda), bom corpo e paladar marcado pelo bem dosado toque de carvalho francês que confere certo ar europeu aos vinhos da casa (86/100, R$ 54).
A vinícola é uma firma familiar, fundada por Maté Brajkovich, um descendente de imigrantes da Dalmacia (ex-Iugoslávia). Hoje é pilotada por sua viúva, Melba, e os filhos, Paul, Milan e Michael.
Paul, graduado em marketing, está a cargo das vendas. Milan, engenheiro, gerencia os vinhedos, velando pela qualidade da fruta com a qual Michael, enólogo formado na Austrália, modela os vinhos, que têm um estilo delicado.
Lobby Poucos países produtores de vinhos finos ficaram tanto tempo no anonimato -e saíram com a mesma velocidade- quanto a Nova Zelândia.
As primeiras videiras chegaram às duas ilhas encravadas no meio do Pacífico em 1819, mas a indústria viveu mais de um século no marasmo, padecendo por rigoroso sistema de comercialização.
Até 1881 as cantinas foram obrigadas a vender seus vinhos exclusivamente por meio de hotéis, únicos pontos de venda autorizados no país.
Apenas em 1948 foi permitida a venda de vinho em lojas especializadas. Os restaurantes tiveram que aguardar até 1960 para oferecer a bebida, e os supermercados, 30 anos mais.
Curiosamente, foram duas medidas do governo que empurraram os goles do país rumo ao sucesso. Em 1960, após forte lobby da indústria nacional, os vinhos importados foram fortemente taxados. Para atender à nova platéia cativa, os vitivinicultores aumentaram rapidamente os vinhedos.
A maré mudou radicalmente em 1981 quando, no embalo de um tratado comercial com a Austrália, as importações foram novamente liberadas, deixando a indústria -que tinha crescido cerca de 1.400%- cara a cara com os concorrentes internacionais.
Mas a reação foi rápida. Já no fim da década de 80, os goles das ilhas -assinados por enólogos bem treinados na Europa e na Austrália- começaram a brilhar em degustações ao redor do globo.

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