São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Em 'guerra civil', PMDB não tem alternativas a Quércia em SP

CLÓVIS ROSSI
DA REDAÇÃO

O PMDB de São Paulo elegeu todos os governadores do Estado, desde o restabelecimento das eleições diretas, em 1982, com a única exceção do atual governador Mário Covas, um ex-peemedebista hoje no PSDB.
Primeiro, foi Franco Montoro, depois Orestes Quércia (1986), por fim Luiz Antônio Fleury Filho (1990). Hoje, no entanto, o PMDB paulista é descrito por uma de suas lideranças, o deputado federal Aloysio Nunes Ferreira Filho, como "uma Bósnia". Traduzindo: uma guerra civil interminável em que não há vencedores, pelo menos não nitidamente.
O mais recente cacique regional, Orestes Quércia, foi o dono da sigla durante um bom tempo, mas, hoje, embora mantenha "uma expressão muito forte, já não tem a maioria", diz Alberto Goldman.
É uma opinião a ser tida em conta, porque Goldman já foi quercista (secretário de Estado na gestão Quércia) e agora é adversário cruento, na "guerra civil" que o partido viveu para a indicação do candidato à prefeitura paulistana, no ano passado.
Goldman reconhece em todo o caso que, se Quércia não tem mais a maioria, seus adversários tampouco a têm.
Reforça Aloysio: "Ninguém tem poder de fato. O Quércia não tem, mas ninguém mais tem".
O próprio PMDB já não tem um décimo do poder de fogo, eleitoral e político, que exibiu no Estado durante todo o período pós-redemocratização.
Basta lembrar que a maior cidade paulista que o PMDB governa, a partir do pleito de 96, é Marília, que não chega a ser um pólo de poder importante.
Consequência inevitável: como para a Presidência da República, o PMDB não tem candidato para o governo paulista em 98.
Para Aloysio Nunes Ferreira Filho, o PMDB paulista vive apenas de uma "expectativa sebastianista" em torno de Orestes Quércia.
É uma alusão ao rei de Portugal, dom Sebastião, derrotado em uma das guerras pelo controle do país, mas que a mitologia diz que vai retornar algum dia.
"Sebastião" Quércia evita, de sua parte, dizer, já, se pretende retornar em 98, como candidato ao governo do Estado, embora considere que continua tendo força no partido.
Mas acha que é a hora de curar as feridas da "guerra civil" mais recente, na qual admite que houve "uma porção de bobagens de parte a parte".
Mesmo que Quércia se candidate a ser o dom Sebastião do PMDB paulista, suas chances não parecem lá muito brilhantes, a julgar pela avaliação que faz Aloysio: "A base municipal do PMDB paulista é composta, na sua maioria, por líderes que perderam as eleições em 1996".
Sem Quércia, então, as perspectivas são ainda menos positivas, acha Goldman: "Quércia é alternativa de candidatura, como candidato dele mesmo, mas nós não temos um nome hoje para disputar São Paulo, a não ser por meio de uma aliança".

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