São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Sabesp vai sobretaxar imóvel no litoral

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Sabesp espera financiar parte de seus investimentos no litoral, nos próximos anos, cobrando de seus usuários que tenham casas de veraneio tarifas mais altas do que no restante do Estado. Além disso, a companhia estuda a possibilidade de cobrar tarifas diferenciadas na alta temporada, quando as praias estão cheias.
Um decreto do governador Mário Covas, publicado em 16 de dezembro último, derrubou as barreiras que a Sabesp tinha para diferenciar a cobrança de tarifas.
Ele permite que a companhia passe a considerar seus custos fixos e variáveis, as características socioeconômicas dos usuários e até a sazonalidade do consumo.
Um grupo de trabalho montado na Sabesp já está estudando as características de cada região do Estado para propor as novas tarifas.
O secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Hugo Marques da Rosa, espera apresentá-las para discussão com os prefeitos "em breve".
Com isso, o secretário acredita que a Sabesp vai recuperar a capacidade de investimento também em outras regiões. Ainda que a empresa venha dando lucro nos dois últimos anos, depois de um período de prejuízos sucessivos, e que esse lucro tenha sido em 1996 cerca de quatro vezes maior que o do ano anterior, o secretário defende as tarifas diferenciadas.
"É preciso promover a justiça tarifária", diz ele. "Não é justo que outras regiões do Estado financiem os investimentos no litoral, que é onde a população de maior renda tem casas de veraneio."
Para instalar uma rede de esgotos no litoral, a Sabesp gasta cinco vezes mais do que na capital. O consumo de água e o volume de esgoto coletado, que crescem muito na temporada, chegam a ser apenas simbólicos no resto do ano.
Apesar disso, as tarifas cobradas nas duas regiões são exatamente iguais.
"Foi isso que desestimulou as administrações anteriores da Sabesp a investir no litoral", diz o secretário. "Os custos sempre foram altos para um retorno considerado muito baixo. É economicamente inviável trabalhar assim."
Também para acelerar os investimentos no litoral, a Sabesp será dividida em quatro subsidiárias -uma delas, exclusivamente para tratar da região. Duas serão responsáveis pela distribuição e tratamento de água e esgotos na região metropolitana de São Paulo, e uma ficará encarregada do interior do Estado.
O vice-presidente da Sabesp para o litoral, Oswaldo Aly, diz que a companhia deve instalar redes de esgoto ao mesmo tempo em que investe em tratamento. "No litoral, não basta coletar esgotos. Não se tem onde despejar depois", diz ele.
(JNS)

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