São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Rentabilidade dos bancos mantém ritmo de queda

DA REPORTAGEM LOCAL

A rentabilidade dos bancos continua caindo, apesar da cobrança crescente de tarifas pela prestação de serviços.
Nos primeiros nove meses do ano passado, um grupo de 89 bancos apresentou uma rentabilidade acumulada de 6,5% após os impostos, segundo a consultoria Austin Asis.
No ano anterior, os mesmos bancos haviam obtido retorno de 7,1% até setembro, abaixo dos 9,5% de igual período de 94.
Em dinheiro vivo, o lucro líquido desses bancos caiu de US$ 2 bilhões de janeiro a setembro de 94 para US$ 1,8 bilhão em 95 e para US$ 1,7 bilhão em 96.
No caminho inverso, as receitas sobre a prestação de serviços (tarifas bancárias e taxas de administração de fundos) cresceram de US$ 2 bilhões até setembro de 94 para US$ 2,7 bilhões em 95 e US$ 3,75 bilhões em 96.
Os resultados não incluem o Banco do Brasil, cujos fortes prejuízos nos últimos anos -mais de R$ 12 bilhões- distorceriam toda a amostra, explica Erivelto Rodrigues, diretor da Austin Asis.
"A rentabilidade dos bancos tem caído e vai continuar em queda. Muitas instituições ainda não conseguiram reduzir custos de maneira satisfatória, nem tampouco redefiniram nichos de mercado para atuar numa economia estável", afirmou Rodrigues.
A queda do lucro teria sido ainda maior no ano passado, não fossem compensações de ordem tributária, como redução na alíquota do Imposto de Renda e reversão de prejuízos com a venda de "moedas podres" (títulos de difícil recebimento) ao governo.
O lucro operacional antes do IR, no mesmo grupo de bancos, caiu de 12,8% até setembro de 94 para 10,6% em 95 e 8% em 96.
Fim da ciranda "Os bancos perderam US$ 10 bilhões de receitas fáceis com a queda da inflação e não têm muito mais espaço para aumentar a cobrança de tarifas", disse Rodrigues.
A saída para as instituições, segundo ele, é buscar associações, fusões e outras maneiras de fortalecimento para enfrentar a concorrência cada vez mais acirrada. Pelo menos dez a 20 bancos irão unir suas forças neste ano, arrisca o consultor.
Nesse campo, as movimentações devem envolver de bancos de varejo, com amplo atendimento ao público, a instituições de atacado, especializada em atender empresas.
Um exemplo dessa tendência quase concretizou-se na semana passada, mas acabou sendo cancelado à última hora.
A associação do varejista BCN ao atacadista BBA Creditanstalt não saiu porque o dono do BCN, Pedro Conde, desistiu de vender o controle acionário do banco a Fernão Bracher e Beltran Martinez.
"Ficamos tristes, mas continuamos procurando uma chance de crescer mais", afirmou Bracher.

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