São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Eleições ameaçam era conservadora britânica

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

Um Partido Trabalhista reformado e com propostas neoliberais deverá pôr fim aos 18 anos ininterruptos de governo conservador no Reino Unido, nas eleições gerais previstas para maio deste ano.
A vitória de Tony Blair sobre o primeiro-ministro John Major é considerada certa -já que o líder da oposição tem confortável maioria nas pesquisas (vantagem de 20 pontos percentuais).
Mas os críticos afirmam que uma administração trabalhista não promoverá grandes mudanças no país. "Não acredito que haverá reformas dramáticas", diz o autor de três livros sobre o partido, Ben Pimlott, 51.
E acrescenta: "O Partido Trabalhista acabou se aproximando dos conservadores. Mas essas eleições são importantes porque vão marcar o fim de uma época, que começou com a a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher".
Transformou-se em uma espécie de PSDB britânico e até mudou de nome para New Labour (novos trabalhistas).
Com isso, o partido espera eleger mais da metade dos 651 membros do Parlamento em maio e fazer o primeiro-ministro (tradicionalmente o dirigente do partido majoritário é o líder do governo no Reino Unido). Desde 1945, o partido já teve seis vitórias contra oito dos conservadores.
Comparando as promessas dos dois partidos, a diferença é pequena. Os trabalhistas dizem que vão investir mais em educação e saúde, conter a inflação e manter os impostos do mesmo patamar. Os "tories" (conservadores) prometem o mesmo.
Mas uma parcela do partido discorda. "Vamos mudar a cara do governo radicalmente. Principalmente, na área social", disse à Folha Brian Wilson, responsável pela campanha eleitoral de Blair.
As grandes diferenças se referem ao relacionamento com o resto da Europa. Major mantém sua posição de "esperar para ver" e enfrenta uma forte crise interna no partido por causa dos parlamentares contrários ao ingresso do país na União Monetária (o país terá de responder até o final do ano se vai aderir à Europa federal).
Já os trabalhistas, apesar de também não ter uma posição definida, são mais simpáticos à idéia de integração e defendem um plebiscito para decidir o assunto, o que faz com que Blair ainda tenha a simpatia de grande parte dos 15 países da União Européia.

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