São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Blair rompeu dogma socialista

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

Derrubar o "Muro de Berlim" do Partido Trabalhista britânico foi o grande mérito do líder da oposição, Tony Blair, 43 anos. Para isso, ele eliminou a cláusula 4 do estatuto do partido.
O item estipulava a ligação dos trabalhistas com velhas aspirações socialistas, como o fim da propriedade privada, por exemplo. Foi Blair que colocou o partido na era pós-Guerra Fria, seguindo a tendência da esquerda no mundo.
Por isso e por ter levantado a popularidade dos trabalhistas, Blair é considerado um político arrojado, aventureiro e criativo. Mas, analisando o currículo do trabalhista, é fácil entender o seu comportamento e suas convicções.
Blair não é um sindicalista que chegou ao poder no partido e também não começou a fazer política repetindo slogans marxistas.
É um menino de classe média, que estudou direito numa das melhores universidades do país (Oxford) e cujo pai (também advogado) tinha simpatia pelos conservadores. Por essa razão, não foi tão difícil para ele reformar o partido. Já estava acostumado ao liberalismo e à economia de mercado.
Seus sonhos não têm nada a ver com socialismo. Ele quer, na verdade, um capitalismo mais humano. E, por isso, seu grande problema ainda é conter o lado mais "vermelho" do partido.
Apesar da credibilidade que tem, Blair também enfrenta o fantasma da inexperiência. Mesmo os seus fãs temem o fato de que o líder da oposição não tem vivência administrativa. "Ele tem caráter e competência, mas a inexperiência será um problema", diz o doutor em história Ben Pimlott.
(LM)

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