São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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IMPRESSÃO NEGATIVA

Ao reassumir suas funções como embaixador do Brasil no Peru, Carlos Coutinho Perez encerrou um período de isolamento que muitos danos causou à imagem do país no exterior, principalmente junto aos seus vizinhos da América do Sul.
Tomado como refém durante o ataque à residência do embaixador japonês naquele país, Coutinho Perez foi libertado, três dias depois, e deveria, segundo um acordo, colaborar com o andamento das negociações junto aos guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru.
Na última quinta-feira, o embaixador brasileiro informou que a decisão de retirá-lo do território peruano foi tomada pelo Ministério das Relações Exteriores, não tendo sido uma opção pessoal. Trata-se de uma explicação apenas parcial, que não chega a apagar a impressão negativa da participação brasileira no episódio.
Mesmo que a ação terrorista em questão seja um problema especificamente peruano -como destacou o ministro Luiz Felipe Lampreia, ao receber Coutinho Perez em Brasília, semanas atrás-, o governo brasileiro deveria ter exercido um papel muito mais atuante e solidário.
A luta armada na América do Sul não é um tema tão distante dos interesses brasileiros como podem sugerir as declarações do ministro das Relações Exteriores. Além de representar uma ameaça à segurança junto às fronteiras do país, trata-se de um fator de desestabilização política que segue minando aspirações políticas e econômicas de parte significativa do continente, ao qual o Brasil tende cada vez mais a se integrar.
O retorno do embaixador Coutinho Perez a Lima representa a volta da representação diplomática a um cenário do qual o governo brasileiro quis se distanciar. Que no futuro o Brasil assuma uma ação mais propositiva e atuante, condizente com sua importância na América do Sul.

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