São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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O sonho do PMDB

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O PMDB que faz hoje sua convenção nacional em Brasília é um partido melancólico.
A sigla está esfacelada. Divide-se entre anônimos, caciques decadentes, tucanos enrustidos e uma multidão de pequenos líderes regionais ou municipais. Não governa mais São Paulo, não preside a República e corre o risco até de ficar sem as presidências da Câmara e do Senado.
Os 516 convencionais que devem estar hoje em Brasília vão ouvir discursos sobre a presença do PMDB em todo o país. O presidente do partido, deputado Paes de Andrade (CE), vai se ufanar com os mais de mil prefeitos eleitos no ano passado.
De prático, os peemedebistas não farão muita coisa. Vão apenas dizer se são a favor ou contra a reeleição. Só isso. Mesmo que sejam contra, não vão proibir seus deputados de votar a favor quando a hora chegar. O PMDB não é um partido em condições de exigir muita coisa de seus parlamentares.
A única coisa que pode unificar o partido hoje é um projeto de poder. E a alternativa de curto prazo é a presidência da Câmara.
O deputado Michel Temer (SP) é o candidato do PMDB à presidência da Câmara, ungido pelo Palácio do Planalto. No cargo, passará a ser a referência dos peemedebistas.
Se Michel Temer ganhar a Câmara, será o terceiro homem da República -depois do presidente e do vice.
Se passar a reeleição e FHC tiver de se desincompatibilizar do cargo, junto com Marco Maciel, o hoje deputado Michel Temer poderá dirigir o Brasil por alguns meses.
Por tudo isso, o esfacelado PMDB tem hoje ao menos um sonho: eleger Michel Temer presidente da Câmara. Para isso, muitos deputados estão dispostos a engrossar muito na hora de barganhar o apoio à reeleição.
Uma das possibilidades, agora aparentemente remota, é aprovar a reeleição apenas em primeiro turno, eleger Temer em fevereiro e só depois votar a reeleição em segundo turno.
É uma possibilidade que pode ficar mais real na convenção de hoje.

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