São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Parcerias levam redes para fora do país

ALEXANDRE LOURES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Nada de neoliberalismo ou globalização. São os parceiros "ocasionais" que levam as redes brasileiras para o exterior.
Os setores que lideram a conquista do mercado externo são locação de veículos, perfumaria e cosméticos, ensino e alimentação.
Segundo pesquisa realizada pela ABF (Associação Brasileira de Franchising), 9,4% das franquias brasileiras que participaram do evento "ABF Franchising Show", em junho do ano passado, estão em operação no Mercosul, e 65,3% têm planos de seguir o mesmo caminho.
Se engana, porém, quem pensa que a criação do bloco econômico foi fator determinante para a expansão. A associação com grupos locais e realização de parcerias com master-franqueados têm sido a chave para quem quer faturar além das fronteiras brasileiras.
"O Mercosul só vai começar a nos ajudar quando a taxa alfandegária estiver menor. Atualmente, a tributação é muito alta e encarece a operação fora do Brasil", lamenta Hélio Hattori, 29, diretor de franquia do Café do Ponto.
A empresa tem uma loja no Paraguai desde setembro de 1996. A franquia paraguaia da rede, que é propriedade de um brasileiro radicado naquele país, tem faturamento equivalente às lojas do mesmo porte no Brasil.
"A aceitação dos nossos produtos é tão boa que nos instalamos em um shopping sem pagar o ponto", comemora Hattori.
Outro caso de sucesso no exterior é o da Localiza Rent a Car, que tem master-franquias em oito países da América Latina.
"Tudo foi feito sem incentivo governamental. Ao contrário, temos sofrido pesados tributos. É preciso sensibilizar as autoridades para incentivar a expansão", reclama Aristides Newton, 52, vice-presidente de franchising da Localiza.
Quem pretende instalar uma loja no exterior vai viver em conflito. Segundo especialistas, é preciso se adaptar a cultura do país escolhido, mas -ao mesmo tempo- não deixar que essas adaptações descaracterizem o produto.
A rede Água de Cheiro, por exemplo, teve que mudar as embalagens e a fórmula dos produtos para entrar no mercado árabe.
"Por motivos religiosos tivemos que baixar o teor alcoólico de nossos perfumes e introduzir nas embalagens tampas cravadas", afirma Elizabeth Pimenta, 47, presidente da empresa.
A Localiza Rent a Car analisa a legislação, o mercado e o estágio do segmento antes de ingressar em um país. "Cada lugar tem suas características e procuramos nos adaptar a elas. Não podemos atuar em todos os países como se estivéssemos no Brasil", diz Newton.

LEIA MAIS sobre o setor à pág. 9-12

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