São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TV reprisa cem horas por semana

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais uma vez, as emissoras aproveitam as férias de janeiro e fevereiro para empurrar um festival de reprises goela abaixo do telespectador. Somadas às repetições habituais de programação, a carga de "déjà vu" nos sete canais abertos consome mais de cem horas semanais.
Na justificativa das emissoras, as reapresentações são consequências da entressafra televisiva. Como boa parte do público sai de férias nessa época, a audiência costuma cair e os anunciantes investem menos -o faturamento com publicidade sofre, em média, queda de 15% a 20% em relação a dezembro.
Dados do Ibope confirmam que o número de televisores ligados na Grande São Paulo diminui no período. Em janeiro de 96, por exemplo, o instituto registrou que 58% dos domicílios com TV estavam com o aparelho ligado das 18h à 0h.
Na mesma faixa, em outubro último, o Ibope registrou que 62% dos televisores estavam ligados na região. No mês de março, quando as emissoras geralmente apresentam a nova programação, o índice registrado no ano passado foi de 66%.
Campeã
Atualmente a emissora com a maior carga de reprises é a Rede Bandeirantes -com cerca de 30 horas semanais. Os programas de Amaury Jr., Luciano Huck e Silvia Poppovic estão em fase de "melhores momentos", além das reapresentações de "Fofão" e "Bronco".
"Como a receita é menor nos dois primeiros meses do ano, o jeito é diminuir o investimento em produção. Ainda não podemos esquecer que as personalidades de TV também saem de férias", diz Rubens Furtado, diretor-geral da Bandeirantes.
Na Globo, as reprises somam cerca de 20 horas semanais -incluindo a tradicional sessão de novela "Vale a Pena Ver de Novo" e "Os Trapalhões". Das produções atuais, as equipes do "Sai de Baixo", "Xuxa Park", "Malhação", "Casseta & Planeta" e do "Brasil Legal" estão em férias.
A emissora ainda aproveita a fase de entressafra para reapresentar episódios de "A Comédia da Vida Privada", às quartas-feiras às 22h05, e de "A Vida como Ela É", aos sábados, a partir das 23h.
A Manchete é a emissora que apresenta a menor carga de reprises. O "Câmera Manchete" e "O Grande Júri" somam duas horas semanais. Na Record, com cerca de 12 horas, "Mara Maravilha Show", "Especial Sertanejo", "Quem Sabe... Sábado!" e "Programa Ana Maria Braga" estão sendo reapresentados.
Já a CNT/Gazeta (com cerca de dez horas) exibe os melhores momentos dos programas comandados por Eli Correa e Juca Kfouri -detalhe: a emissora preferiu manter o "ao vivo" do "Juca Kfouri ao Vivo".
No SBT, as produções do "Programa Livre", "Jô Soares Onze e Meia", "Perfil", "Programa Hebe" e "SBT Repórter" também estão paradas. Com a repetição de "Dona Anja", a carga de reprises chega a 20 horas semanais na emissora.
"Os anunciantes que continuam trabalhando conosco não se importam que os programas sejam reapresentados. O problema é que, nessa época, registramos normalmente uma queda de 15% a 20% no faturamento com publicidade", afirma Walter Zagari, 45, superintendente comercial do SBT.
O recuo dos anunciantes ainda leva a emissora a reduzir o espaço publicitário e rechear os intervalos comerciais com chamadas de programas da casa. "Tivemos de diminuir os intervalos de três minutos e meio para três minutos", conta.
Segundo Eduardo Monteiro, 28, supervisor de planejamento de mídia da W/Brasil, a maior parte dos anunciantes se retrai em janeiro e fevereiro para fazer planejamento. "Só os grupos sazonais, como empresas de bebidas e sorvetes, anunciam bastante nessa época."

Texto Anterior: Reprises confundem os fãs de seriados
Próximo Texto: Cultura repete 'com critério'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.