São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 1997
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Convenção do PMDB vota contra reeleição

LUCIO VAZ
DANIEL BRAMATTI

LUCIO VAZ; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Partido aprova por ampla maioria recomendação contra emenda e propõe adiamento da votação para fevereiro

O governo Fernando Henrique Cardoso foi derrotado ontem na Convenção Nacional do PMDB. O partido recomendou voto contra a reeleição e aprovou um requerimento que propõe o adiamento da votação sobre o tema para depois do dia 15 de fevereiro.
Os favoráveis à reeleição tiveram de responder ainda a outra pergunta, especificamente sobre os atuais detentores de mandato. Houve 190 votos a favor e 136 contra -como a soma (326) supera 229 votos, percebe-se que muitos convencionais contrários também votaram duas vezes.
A cédula incluiu ainda uma pergunta sobre consulta popular: a proposta de plebiscito teve 76 votos e a de referendo, 49. A opção "nenhum dos dois" teve 236.
Como o partido não fechou questão a respeito da reeleição, a recomendação e o requerimento sobre o adiamento serão apenas um referencial aos deputados e senadores. Mas constituem-se em mais um complicador para o governo, porque poderá influenciar votos de alguns parlamentares.
Golpe
O requerimento sobre o adiamento foi aprovado num golpe do vice-presidente do partido, deputado Marcelo Barbieri (SP), que presidia a convenção e é ligado ao ex-governador paulista Orestes Quércia. Foi aprovado por voto simbólico, enquanto os governadores e líderes do partido negociavam numa sala da Câmara.
Os governistas tentaram derrubar o requerimento. Chegaram a pensar em aprovar outra moção (ou requerimento) que tornasse a primeira sem efeito. Desistiram por questões regimentais e porque tinham minoria em plenário.
Os governadores e líderes foram surpreendidos pela votação quando procuravam uma saída consensual sobre o calendário da reeleição. Os governadores e o líder na Câmara, Michel Temer (SP), candidato a presidente da Casa, queriam votar nesta semana.
O senador Iris Rezende (GO), candidato a presidente do Senado, e o presidente nacional do partido, deputado Paes de Andrade (CE), queriam o adiamento da votação para depois das eleições das presidências da Câmara e do Senado.
Nojo
Iris disse que havia se convencido na noite anterior, por volta das 22h, da necessidade de adiamento da votação. Sem isso, o governo FHC daria apoio ao candidato do PFL à presidência do Senado, Antonio Carlos Magalhães (BA).
O candidato do PMDB afirmou que chegou a esta conclusão após conversar, no sábado à noite, com o líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), e com o líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF).
O governador Antônio Britto (RS), articulador da reeleição, disse que concordava com as ponderações dos senadores, mas fez uma ressalva: a palavra do presidente FHC não estaria sendo reproduzida pelos seus líderes.
"Me dá até nojo quando eu vejo os jornais. É o presidente dizendo uma coisa e seus líderes dizendo outra. Lá no Rio Grande não é assim. Quando o governador fala, todos respeitam", disse Britto.
Naquele momento, o deputado Aloízio Nunes Ferreira (SP) entrou na sala e informou que a moção havia sido votada.

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