São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 1997
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LETARGIA PÚBLICA

O poder público na cidade de São Paulo parece ter entregue suas atividades a uma súbita letargia. A construção de novas estações do metrô, obra do governo do Estado anunciada no ano passado, e serviços de limpeza, de responsabilidade da prefeitura, estiveram, durante os últimos meses, totalmente paralisados.
No caso da prefeitura, a sujeira que vem se acumulando até hoje nos logradouros públicos, sobretudo em praças, assim como as péssimas condições de ruas e avenidas da cidade exemplificam fartamente esse indesejável estado de abandono.
As dificuldades alegadas até agora pelas duas esferas de governo poderiam, a bem da verdade, ter sido lembradas e levadas a sério por eles próprios meses atrás, antes de suas consequências tornarem-se visíveis. Parece pouco honesto mencionar empecilhos administrativos -basicamente problemas contratuais com empresas- apenas no momento em que a população da cidade já sente os seus desagradáveis efeitos.
No caso da prefeitura, a precariedade das alegações é patente. Atribuir o atraso de obras ou a má conservação de vias e praças aos trâmites da transferência de poder é, no mínimo, uma cruel ironia, já que os integrantes do atual Executivo municipal são praticamente os mesmos que trabalhavam na administração anterior.
Como a população votou pela continuidade do trabalho da gestão passada, seria de se esperar que a transferência de poder praticamente não fosse sentida pelos paulistanos. Da mesma forma, culpar as "festas de fim de ano" nada mais é do que assumir um certo "recesso" que nunca esteve previsto nem deve ser admitido dentro da administração pública.
Tanto as obras do metrô como a realização das tarefas de limpeza deveriam ser assumidas como atividades não-suscetíveis a mudanças de governo, festividades de fim de ano ou mesmo interesses eleitorais que possam surgir. O serviço público deve atender às demandas da população e não às próprias conveniências.

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