São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Presidente vai ao tudo ou nada

DA REDAÇÃO

O presidente FHC decidiu partir para o tudo ou nada: se não houver a votação da 'reeleição na próxima semana, está disposto até a pedir a retirada da emenda.
O presidente acha que não pode permitir que aumente o desgaste decorrente das sucessivas confusões entre os partidos da própria base governista em torno do tema.
Por isso, mandou colocar em votação a emenda na próxima semana, em data ainda a ser negociada com os partidos aliados.
Tomou a decisão depois de ouvir da liderança governista na Câmara o cálculo de que há mais de 308 votos a favor da emenda.
A partir desse cálculo, o governo passou a raciocinar só com dois cenários: ou se vota na próxima semana (e os governistas juram que ganham) ou parte-se para outra alternativa.
Uma delas seria rediscutir a hipótese de se convocar um plebiscito, que está sendo trabalhada, entre outros, pelo ex-governador André Franco Montoro (SP), um dos políticos que FHC mais respeita. Uma das outras seria pura e simplesmente retirar a emenda.
O deputado Inocêncio de Oliveira (PE), líder do PFL na Câmara, diz que, regimentalmente, não há essa hipótese.
Mas, se o autor da proposta (deputado Mendonça Filho, do PFL-PE) for convencido a retirá-la, é possível que esse entrave regimental seja superado.
O que o governo teme não é a derrota em plenário, mas a obstrução que a oposição poderia fazer, prolongando a agonia além do que FHC considera aceitável.
Alto risco
A expectativa dos governistas é a de criar um fato consumado com a convocação para votar na semana que vem.
Imagina-se, na liderança do governo, que deputado algum faltará a uma votação de conotação histórica.
O alto quórum e a pressão do governo criariam, por sua vez, um ambiente favorável ao qual não teriam coragem de se opor os hoje ditos indecisos. Mas é uma estratégia de altíssimo risco.
Deputados e senadores da base governista, mas não da liderança, ouvidos pela Folha, foram unânimes em afirmar que a situação em nada se alterou nas últimas 24 horas para dar ao governo a certeza da vitória. Há até os que acham que a situação piorou.
"Ontem (quarta-feira) à noite foi o pior dia para o governo", avalia, por exemplo, Roberto Brant (PSDB-MG).
Refere-se ao desconforto do PFL com o vazamento da conversa entre o líder peemedebista no Senado, Jader Barbalho (PA), e o presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesta, Jáder propôs a retirada dos candidatos já lançados ao Senado e à Câmara, para que se fizesse um arranjo satisfatório para PMDB e PFL.

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