São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Presidente da Vale quer reavaliação da empresa

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Francisco José Schettino, afirmou ontem à Folha que os indícios apontam a existência de uma nova mina de ouro e cobre de "classe mundial" na serra dos Carajás (sul do Pará).
Segundo o presidente da estatal, os dados até agora obtidos já justificam uma reavaliação do valor da empresa para efeitos de privatização. "Classe mundial", no jargão do setor minerador, significa uma mina de grandes proporções.
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do programa de privatização do governo, determinou à empresa MRDI (Mineral Resources Development Inc.), especialista em minérios do consórcio avaliador da Vale, que examine o que pode mudar no preço da empresa por conta das novas informações.
Schettino disse que a empresa "está cada vez mais próxima" de confirmar a existência de uma grande reserva na área de Igarapé-Bahia, onde hoje já existe uma mina de ouro da Vale que produz 10 toneladas do minério por ano.
Perfurações
Segundo ele, os resultados das perfurações cada vez mais confirmam as perspectivas que a empresa havia revelado existirem em outubro do ano passado.
"Daqui a três meses poderemos dar nova informação, boa ou ruim", disse.
Schettino afirmou que a Vale estava preparando um comunicado ao mercado sobre os avanços da pesquisa quando "vazou" a informação sobre esses avanços.
A informação foi publicada pelo jornal "Estado de S. Paulo".
Para o presidente da Vale, a descoberta de uma nova mina "só ajuda a privatização da empresa", porque a torna mais atraente para os investidores.
A informação dada por Schettino de que daqui a três meses será possível definir a extensão da jazida encurta em mais de um ano o prazo que inicialmente a empresa considerava necessário.
A Vale calculava que seriam necessários dois anos a partir do início das pesquisas, em meados do ano passado. Segundo Schettino, nas últimas prospecção feitas "tem aumentado a porcentagem de sucesso dos furos e os teores (de minério) têm sido confirmados".
Reeleição
Embora o presidente da Vale diga que a divulgação de dados confirmando indícios de novas descobertas só ajuda a privatização da empresa, uma das versões correntes dentro da própria Vale para o surgimento dessas informações agora é a da necessidade de uma justificativa para retardar a venda.
Segundo essa versão, a notícia sobre as jazidas era o que o governo precisava para justificar um adiamento no cronograma de privatização, deixando a definição para depois da votação da emenda da reeleição no Congresso.

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