São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Opositores fazem articulações

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Menos de duas horas depois de o projeto que torna os brasileiros doadores presumíveis de órgãos ter sido aprovado pelo Senado, os opositores à idéia já estavam se articulando para convencer o presidente Fernando Henrique Cardoso a vetar os itens polêmicos.
O Conselho de Direitos Humanos da OAB pretendia enviar ainda ontem uma carta ao presidente recomendando o veto ao artigo 4º -que obriga as pessoas que não querem doar seus órgãos a gravar a opção na carteira de identidade.
"Esse artigo torna a doação de órgãos obrigatória aos cidadãos indecisos e achamos que atos que mexem com a vida da pessoa têm de ser sempre voluntários", afirmou Simone Nogueira, da OAB.
Ela diz que o baixo número de transplantes feitos no Brasil não é causado só por falta de doadores, mas sobretudo pela inexistência de centrais de captação e distribuição de órgãos e de hospitais capacitados para realizar a cirurgia.
"Só os países muito avançados, como Bélgica e Suíça, adotaram legislação semelhante. A diferença é que lá a lista de pacientes que esperam transplantes é pública e única, impedindo que abusos como no Brasil", disse Nogueira.
O Ministério da Saúde enviou parecer a Fernando Henrique Cardoso recomendando que fosse vetado o artigo 7º do projeto. Segundo o artigo, a remoção de órgãos de cadáveres que devem ser submetidos a necropsia só deve ser realizada após autorização do médico legista.
(DF)

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