São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Grandes patrocínios viraram necessidade

CARLOS CABOCLO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O patrocínio aos clubes de futebol, hoje, é uma necessidade por causa do estado em que esses times se encontram. Não dá para manter uma equipe sem uma ajuda externa.
Por isso é importante que cada clube tenha um departamento de marketing à altura para solidificar seu projeto.
O mundo está mudando, e o futebol, também. Os dois se encontram, porém, em uma certeza: o futebol é o melhor produto "à venda" no mundo inteiro. Ele faz parte de uma linguagem universal.
Nesse contexto, o Brasil é um país privilegiado. O futebol já nasce dentro do povo. Os brasileiros, agora, só precisam aprender a negociar.
O sistema de co-gestão, por exemplo, muitas vezes é salutar para o clube e para a empresa. Mas deve ser estudado, ver todos os lados envolvidos.
Você, às vezes, não conhece seu parceiro. Pode se entusiasmar só com o lado financeiro da negociação e acabar não fazendo uma boa parceria.
Deve ser adotada uma certa cautela também, para acabar não descaracterizando o clube. O parceiro e os dirigentes devem ter respeito e carinho pela equipe.
Uma co-gestão exige acordo com dirigentes transparentes. O parceiro também tem que adotar uma certa diplomacia.
Porque é um negócio que interessa aos dois. Falo com certeza que o retorno obtido com a publicidade junto a um time de futebol é mil vezes maior que qualquer outro tipo de propaganda.
Você pode fazer qualquer tipo de promoção, a camisa sempre vai prevalecer na mentalidade do torcedor.
A empresa até tem que ser estruturada para saber lidar com o sucesso.
Acho que todos os que já patrocinaram equipes de futebol sabem do que falo. Os que ainda não o fizeram não devem desconhecer o apelo que há no esporte.
Agora, por exemplo, o Banco Excel-Econômico vai patrocinar o Corinthians. Diziam que os bancos não entravam no futebol com medo de perder clientes, devido à rivalidade dos clubes e torcedores.
Mas os bancos não precisavam desse tipo de anúncio. Eles faturavam com outra estrutura econômica que existia no país. Hoje, a concorrência é maior e precisam atrair mais clientes. O Corinthians é um bom meio para conseguir isso.
Isso também é importante ressaltar. O anunciante tem que saber exatamente em que área quer ingressar e achar um clube que se encaixe nesse perfil.
Cada time tem uma característica. O Juventus, de São Paulo, por exemplo, busca uma empresa que patrocine todo seu time de futebol. Tem a estrutura do clube, um dos maiores do país, para ajudar a equipe a se modernizar.
O mercado tem que ser sensato na sua procura.
Os jogadores também são peças essenciais nessa engrenagem. Eles fazem parte de um projeto de divulgação do nome de uma empresa. Têm que ser, acima de tudo, profissionais.
O jogador que briga em campo durante uma partida, cria problemas, é rebelde, pode atrapalhar uma imagem construída com um certo custo.
Além disso, passa uma imagem bastante negativa para os mais jovens.

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