São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Explosão faz 12 mortos na Argélia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A explosão de uma bomba ontem em Boufarik (30 km ao sul de Argel, capital da Argélia) matou 12 pessoas e deixou muitas feridas.
Grande número das vítimas se encontra em estado grave, disseram habitantes do local.
Segundo agentes de segurança do país, a bomba explodiu às 10h (7h em Brasília) num mercado de carros usados situado no subúrbio de Boufarik. O mercado costuma ficar lotado às quintas-feiras, um dia de folga na Argélia.
A bomba, aparentemente colocada em um cesto, estava cheia de pedaços de ferro, porcas e pregos, o que explica a grande quantidade de vítimas e os pequenos danos materiais verificados.
Ninguém assumiu a autoria do atentado, mas autoridades argelinas disseram que ataques semelhantes já haviam sido praticados por fundamentalistas islâmicos.
No último dia 27 de setembro, a explosão de um carro-bomba em Boufarik matou 27 pessoas.
A cidade se encontra no centro da planície de Mitidja, um dos redutos dos Grupos Armados Islâmicos (GIA), a principal guerrilha fundamentalista do país.
Cerca de 60 mil pessoas já morreram em decorrência da ação da guerrilha desde que as eleições lideradas pelos fundamentalistas foram anuladas em 1992.
Nas últimas semanas a onda de violência aumentou. O mês sagrado do Ramadã (iniciado no último dia 9), período em que se observa o jejum, é considerado pelos grupos armados islâmicos época propícia para a guerra santa.
Batalha campal
Poucas horas antes do atentado, Forças de Segurança argelinas mataram 12 suspeitos de pertencerem aos fundamentalismo islâmico, disseram testemunhas.
Durante sete horas, as partes se confrontaram nas ruas de Argel.
Segundo moradores da capital, os confrontos começaram por volta das 19h quando tropas governistas isolaram Casbah (o bairro velho de Argel) em perseguição a um grupo de guerrilheiros.
Disparos esporádicos foram ouvidos até as 2h locais. Não houve qualquer declaração oficial do governo sobre os fatos.
O conflito começou logo depois de o presidente do país, Liamine Zéroual, reafirmar que seu governo combateria e eliminaria as guerrilhas que atuam na Argélia.
Segundo moradores do Casbah, os grupos guerrilheiros se fortaleceram no bairro.
Recentemente, guerrilheiros dos GIA pregaram cartazes nos muros do bairro ameaçando com a morte mulheres que usassem roupas ocidentalizadas e proibindo homens de ler jornais ou fumar.

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