São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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PROVEITO POLÍTICO

Neste início de ano, têm sido registradas por todo o território nacional várias invasões de terra, a maioria patrocinada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Como consequência, já se verificam diversos confrontos entre grupos de invasores e seguranças particulares, inclusive com um lamentável saldo de vítimas fatais.
Não surpreende que as ações dos sem-terra estejam ocorrendo exatamente num momento político delicado para o país. Envolvido com o debate acerca do direito à reeleição para os membros do Poder Executivo, o governo federal praticamente paralisou suas atividades em muitas áreas, entre elas a fundiária. E o MST parece determinado a tirar proveito da fragilidade atual do governo.
Tal comportamento conspira contra qualquer avanço pelas vias legais que se possa imaginar na polêmica questão agrária. Não apenas infringe o direito de propriedade, mas também implanta um clima de conflito no meio rural que muitos episódios violentos ainda poderá fomentar.
No município de Ourilândia do Norte (PA), três posseiros, sem ligação direta com o MST, foram mortos em um confronto com seguranças da fazenda Santa Clara. As primeiras informações indicam que as vítimas receberam tiros a curta distância, podendo até mesmo ter sido executados. Trata-se de um crime que terá de ser devidamente investigado pelas autoridades. Se houve excesso da parte dos que defendiam a fazenda, estes devem ser punidos com rigor.
O mesmo resultado trágico poderão ter os outros confrontos em áreas onde o MST tem promovido suas ações, como em Londrina (PR), onde ontem o movimento denunciou a ocorrência de duas mortes.
Os possíveis abusos de fazendeiros e seus funcionários devem ser apurados. Porém é lamentável que os sem-terra prossigam com suas invasões mesmo que elas resultem na perda de vidas humanas. O MST parece assim disposto a tudo por um imediato proveito político.

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