São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997 |
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Abra a janela, velho FHC
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Presidente, permita-me que escreva ao velho senador e sociólogo Fernando Henrique Cardoso, que espero não ter desaparecido de todo por trás da faixa presidencial.Para dizer-lhe que até em minha casa, em que sou uma ilha de independência cercada de tucanos e tucanas por todos os lados, começa a haver fastio com esse "vaudeville" de quinta da reeleição. Num dia, o PMDB, partido da base governista, briga com o senhor. No dia seguinte, o senhor responde. No terceiro dia, depois de morder, assopra. Mas, ao assoprar, desagrada o PFL, que é também da base governista. No teatro, arrancaria boas gargalhadas. A sério, não tem graça. Que tal, senhor presidente, ampliar um pouco os atores? Que tal lembrar da sociedade civil sobre a qual o velho FHC tanto falou e tanto escreveu (e lembrar também que o senhor jura que jamais disse "esqueçam o que eu escrevi")? Por que o senhor não chama essa turma, as OABs, ABIs da vida, para conversar, não apenas em torno da reeleição, mas de uma reforma política que também foi permanente tema seu, nos velhos tempos? Pode dar em nada, mas, no mínimo, serviria para abrir as janelas do seu palácio e permitir que uma lufada de ar fresco entrasse e arejasse esse ambiente de conspiração, intrigas e fofocas chinfrins em que o senhor se meteu, aliás muito por sua própria culpa. Por que o senhor não segue à risca o que afirmou a respeito da "voz rouca das ruas"? Como não dá para chamar os 160 milhões de brasileiros ao palácio, que o senhor ouça ao menos alguns de seus representantes. E se lhe sugerirem o plebiscito, por que não? Não é a única maneira democrática de ouvir a "voz rouca das ruas"? Acredite, presidente, estão roucas sim, mas é de tanto ouvir e ver esse péssimo enredo da novela da reeleição. Em troca, ofereço o meu voto a favor da reeleição. Até para a sua reeleição, imagine. Texto Anterior: PROVEITO POLÍTICO Próximo Texto: Os problemas da prestação Índice |
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