São Paulo, sexta-feira, 17 de janeiro de 1997
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Os problemas da prestação

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A tal saída a prestação para a emenda da reeleição foi oficializada ontem pelo PFL. É esquisito, pois a estratégia está sendo bombardeada. Tanto por quem é favor como por quem é contra a reeleição.
Só para recordar, a votação a prestação consiste em aprovar a reeleição em primeiro turno ainda neste mês, deixar que os senadores e os deputados elejam os seus presidentes no início de fevereiro e só então pensar em votar o segundo turno da emenda.
Para os revoltosos do PMDB, essa não é uma saída ideal por razões óbvias. Querem garantir de uma vez as presidências da Câmara e do Senado.
É melhor, pensam os peemedebistas, ficar segurando tudo para depois das eleições na Câmara e no Senado. Nesse meio tempo, é claro, pode surgir algum tipo de solução, como a saída dos atuais candidatos da disputa. Mas isso não é fácil nem muito provável.
O curioso é que agora surge dentro do próprio governo, que participou da engenharia da idéia, um forte argumento contra a votação a prestação.
Para alguns bons observadores que frequentam o Planalto, votar só um turno da reeleição seria como colocar uma corda no pescoço do governo.
Hoje, argumentam, FHC está livre para negociar até o fim a votação da emenda. Se tudo der errado, lá para março ou abril, abandona a via congressual. E essa história de plebiscito -hoje apenas um blefe- poderia de fato vir a se tornar realidade.
Ocorre que, se for votado já um turno da reeleição, o governo ficará obrigado a ir até o fim. Terá que vencer o segundo turno na Câmara e os outros dois turnos no Senado. Tudo isso com o encargo de ganhar sabe-se lá sob que tipo de pressão. E custos.
Em resumo, ganhar o primeiro turno agora seria uma vitória relativa. Esse triunfo pela metade tiraria a liberdade de FHC mais adiante.
Depois de vencer um turno, não poderia mais abandonar a via congressual. Seria acusado de golpista.
Por tudo isso, a cautela de FHC pode ainda levá-lo a deixar a votação em plenário para fevereiro. Ou depois.

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