São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Temer busca apoios e Iris tenta atrapalhar votação

RAQUEL ULHÔA
LUCIO VAZ

RAQUEL ULHÔA; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputado e senador do PMDB trabalham em sentidos contrários

O PMDB parte dividido para a semana em que o governo planeja votar em plenário a emenda da reeleição. Os deputados buscam um acordo para aprovar a emenda, enquanto os senadores querem forçar os deputados a negar quórum ao governo.
O senador Iris Rezende (PMDB-GO), candidato à presidência do Senado, afirmou ontem que os deputados do PMDB não vão dar quórum para a votação, na próxima quarta-feira, da emenda da reeleição.
O grupo que articula a candidatura de Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara busca uma alternativa de consenso. O plenário da Câmara votaria a emenda a prestações: o primeiro turno seria no dia 29; o segundo, em fevereiro.
A proposta foi lançada pelo líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). A cúpula do PFL não abre mão de que pelo menos o primeiro turno da votação ocorra na gestão do presidente Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Na opinião de Iris, está havendo uma "precipitação" do governo e das lideranças do PFL na Câmara, que estariam querendo prestigiar Luís Eduardo.
"Por que o governo não espera até 15 de fevereiro para colocar a emenda em votação? Eu não entendo. Se esperar, será tão fácil aprová-la. O próprio PMDB vai votar a favor. Mas somente após a eleição das Mesas", disse.
O deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), vice-líder do PMDB e articulador da candidatura de Temer, reconhece que a posição dos senadores é o maior obstáculo a um acordo na Câmara.
"A questão não é mais conversar com o Temer, mas com os senadores. O Temer já fez o que tinha que ser feito. Aprovou a emenda na comissão. No plenário, a influência dos senadores será muito forte", disse Alves.
Iris acredita que todos os deputados peemedebistas vão cumprir a decisão da convenção do partido, que determinou a votação da emenda da reeleição somente depois da escolha dos presidentes da Câmara e do Senado.
O senador disse que não vai pedir a punição dos deputados que descumprirem a convenção. Para ele, essa é uma decisão da Executiva do PMDB e do seu presidente, deputado Paes de Andrade (CE).
Cauteloso, Iris disse que não considerou uma afronta ao PMDB a decisão do presidente e do PFL de colocar a emenda em votação na próxima quarta-feira, contrariando a disposição do PMDB de só votar a matéria em fevereiro, quando forem retomadas as atividades ordinárias do Congresso. "O governo tem o direito de tentar", disse.
Cafeteira
O líder do PPB no Senado, Epitácio Cafeteira (MA), acha que o governo vai colocar a emenda em votação na próxima quarta-feira, mesmo sob o risco de derrota.
"Se a emenda for derrotada, poderá ser reapresentada na próxima sessão legislativa, em fevereiro. O governo não sabe com quem pode contar. Só votando é que saberá quem é fiel e quem não é", disse.
Cafeteira avalia que, com o mapa da votação em mãos, FHC saberá com precisão os nomes dos deputados que podem ser "trabalhados".

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