São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Parecer recomenda doação voluntária

DANIELA FALCÃO
SUCURSAL DE BRASÍLIA

Parecer técnico elaborado pelo Ministério da Saúde e que será enviado ao presidente Fernando Henrique Cardoso recomenda que a doação automática de órgãos seja substituída pela voluntária.
O projeto que torna todos os brasileiros doadores -a menos que tragam documento afirmando o contrário- foi aprovado anteontem pelo Senado e espera agora a sanção do presidente.
FHC pode, em tese, aprovar o projeto na íntegra, vetar artigos ou até o projeto por inteiro.
Um outro parecer deverá ser enviado pelo Ministério da Justiça. O ministro Nelson Jobim afirmou que ainda não leu com atenção o projeto do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) e, por isso, não decidiu se recomendará algum veto.
A Folha apurou que o parecer do Ministério da Saúde está pronto desde 14 de janeiro, elaborado a partir de debates do CNS (Conselho Nacional de Saúde).
A Casa Civil informou ontem que a redação final do projeto só deverá chegar à Presidência na terça-feira. Até ontem à noite, nenhum parecer tinha sido enviado.
Depois de receber a redação final do projeto, o presidente terá 15 dias para tomar uma decisão.
O parecer da Saúde elogia a lei, mas critica dois artigos: o 4º, que cria a doação automática, e o 7º, que exige a autorização de legista na remoção de órgãos em cadáveres sujeitos à necropsia.
O parecer não recomenda que o artigo 4º seja vetado. Mas é sugerido que a doação automática seja substituída pela voluntária.
O texto da Saúde argumenta que a doação presumida é uma apropriação do corpo pelo Estado, o que fere o princípio constitucional da liberdade individual. Para o relator, a doação voluntária agregada à criação das centrais de captação e distribuição de órgãos são suficientes para aumentar a oferta.
Já em relação ao artigo 7º, há uma determinação explícita para que ele seja vetado. "A obrigação da autorização do legista para a retirada de órgãos em cadáveres que precisam passar por necropsia atrasa a captação e muitos órgãos podem ser desperdiçados", afirmou Lúcia Figueiredo, do CNS.

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