São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997 |
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Hospitais particulares vão ignorar decisão
MAURO TAGLIAFERRI
Um dos principais hospitais privados dos país, o Albert Einstein, é um exemplo de estabelecimento que vai ignorar, caso se torne lei, o projeto que transforma todo brasileiro num doador. "Continuaremos com a mesma postura", disse o coordenador da comissão de transplantes do hospital, Flávio Takaoka. "Em 96, tivemos dez doadores potenciais. Em oito desses casos a família consentiu na doação. Por isso, não se justifica uma imposição legal", acrescentou. "O problema está na deficiência do sistema de saúde e do esquema de captação de órgãos. As famílias não chegam nem a ser abordadas. É preciso um trabalho de educação para os médicos, familiares e pacientes", afirmou Takaoka. "Para fazer o diagnóstico de morte encefálica, é preciso a iniciativa do médico. Muitas vezes não há médicos suficientes para isso. Nos hospitais públicos, eles estão sobrecarregados. Nos particulares, temem abordar as famílias", disse o diretor-clínico do Hospital São Paulo (universitário), José Medina Pestana. Também o hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo tende a manter a política de consulta prévia à família do doador. Segundo o diretor-clínico do hospital, haverá uma reunião na terça-feira para avaliar a questão. "Acho que não haverá alteração", disse João Silvestrin. Recursos A anuência da família é, porém, apenas parte do problema dos transplantes no Brasil. Atualmente, apenas os hospitais universitários têm condições de realizá-los com frequência. "O SUS (Sistema Único de Saúde) paga o dobro por transplantes nos hospitais universitários, que, além disso, são custeados pelo Estado", contou Elias David-Neto, presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. "O SUS tinha é de pagar mais aos hospitais privados e impor um número mínimo de transplantes", acrescentou. Texto Anterior: Unicamp não mudará conduta Próximo Texto: Imóvel atrasado motiva pedidos de indenização Índice |
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