São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Gesner relativiza importância do economista

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

Levando em consideração o fato de ser um dos elaboradores do Plano Real e de ter sido nomeado pelo presidente da República para presidir o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Gesner Oliveira escreveu com surpreendente serenidade um livro sobre a economia brasileira nos dias de hoje.
"Brasil Real - Desafios da Pós-estabilização na Virada do Milênio" é um livro didático e realista sobre as características e perspectivas de sucesso do processo de estabilização lançado em 1994.
Partindo da comparação detalhada entre os planos de estabilização, elaborados desde 1979 até o Real, o autor revela que o sucesso do atual programa é produto maior do anseio de estabilidade da população e da experiência obtida com os fracassos passados.
Com isso -e talvez por modéstia-, Gesner Oliveira dá importância relativamente pequena à competência dos tecnocratas no sucesso do Real.
O livro relembra em pormenores etapas importantes dos planos passados e do atual. Compara também o processo brasileiro com o mexicano e o argentino.
Essas comparações são, talvez, as melhores informações que o leitor poderá encontrar na obra.
A parte final do livro, dedicada aos desafios do plano, não traz questionamento que não tenha sido debatido nos últimos três anos. Gesner, no entanto, torna objetivos argumentos que às vezes são usados por correntes políticas interessadas em superestimar ou subestimar a importância do plano.
Um exemplo disso é a parte relativa aos perigos causados pelo "boom" de demanda provocado pelo consumidor de menor poder aquisitivo. Sabe-se que o Real permitiu às classes menos favorecidas, tradicionalmente as maiores vítimas da inflação, o acesso ao maravilhoso mundo do consumo.
Com relação a essa demanda, Gesner consegue aplacar os ânimos dos mais otimistas. Ele lembra que, para satisfazê-la, o país precisa oferecer bens e serviços em volume equiparável, sob o risco de realimentar a inflação.
Gesner lembra que a resposta da oferta requer tempo para se concretizar, mesmo com o aumento das importações. Por vários motivos, entre os quais os juros elevados e uma natural desconfiança dos produtores e investidores.

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