São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Terroristas soltam um refém em Lima

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Os terroristas do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) soltaram um dos reféns que mantêm na casa do embaixador do Japão em Lima desde 17 de dezembro.
Foi a primeira libertação desde 31 de dezembro. Ainda há 73 reféns. O governo peruano respondeu com nova proposta de negociação para os guerrilheiros.
O negociador oficial do governo, Domingo Palermo, afirmou que gostaria de começar a negociar na semana que vem em um trailer junto à casa ocupada.
Disse que o governo aceitará a presença de um observador internacional, o embaixador canadense Anthony Vincent, que também foi refém na casa ocupada.
O MRTA não respondeu à proposta. O problema, para os terroristas, é que o governo afirma que não vai negociar a libertação de membros do MRTA presos em cadeias peruanas -principal reivindicação dos terroristas.
A primeira proposta de negociação do governo, feita nesta semana, "empacou" justamente nesse ponto: o MRTA quer que a libertação esteja na pauta das discussões.
O refém libertado é Luis Valencia Hirano, ex-chefe da unidade antiterror da polícia. Ele foi solto às 14h25 (17h25 em Brasília), tendo sido levado para o hospital da Polícia Nacional do Peru para exames. Segundo a Cruz Vermelha, o MRTA o soltou porque é portador de úlcera e estava passando mal.
A libertação ocorreu um dia depois de o governo peruano endurecer sua posição na crise.
Além de não aceitar a exigência da discussão sobre libertação de presos, o governo havia rechaçado a presença de um mediador da Guatemala sugerido pelos terroristas. Também havia proibido visitas aos cerca de 500 membros do MRTA presos no país.
Carter
O ex-presidente dos EUA Jimmy Carter ofereceu sua mediação para a crise dos reféns, que ontem completou um mês. Carter fez a afirmação anteontem à noite em Santiago, onde visitava o presidente chileno, Eduardo Frei.
O governo peruano, que até agora negou todas as ofertas de auxílio externas para a crise, não se manifestou. Ontem, o governo aumentou a zona de exclusão em torno da casa. Os jornalistas que ocupavam ruas e telhados próximos foram afastados cerca de cem metros.
A Folha apurou que a medida visa dificultar o contato entre o MRTA e os jornalistas.
Na última semana, o líder guerrilheiro Nestor Cerpa Cartolini se comunicou com jornalistas por meio de rádios duas vezes.

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