São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Israel cede Hebron a palestinos

Cidade vive conflitos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Exército israelense entregou ontem o controle da cidade de Hebron (Cisjordânia) aos palestinos. É o fim de 30 anos de dominação judia sobre a cidade árabe.
Às 6h10 (2h10 em Brasília), os soldados israelenses se retiraram de seu até então quartel-general para permitir a entrada das tropas palestinas. A entrega da base militar foi selada com um rápido aperto de mão entre os generais israelense Gaby Ofir e palestino Abdulfattah Jeouidi.
Os israelenses se retiraram horas antes da assinatura oficial do acordo sobre Hebron.
O negociador palestino Saeb Erekat e o negociador israelense Dan Shomron assinaram o acordo ontem em Jerusalém depois de a Autoridade Nacional Palestina e o Parlamento de Israel terem aprovado os termos da retirada.
Os termos haviam sido estabelecidos na última quarta de madrugada entre negociadores palestinos e israelenses, depois de um longo processo de negociação.
'Realocação'
"A realocação do Exército de Israel na cidade de Hebron terminou", disse um porta-voz das Forças Armadas israelenses.
Segundo o acordo, Israel continuará controlando 20% da cidade nas regiões em que vivem cerca de 400 colonos judeus. Mais de 100 mil palestinos moram em Hebron.
As tropas que abandonaram o quartel-general se reinstalaram a algumas centenas de metros dali, no centro da cidade palestina.
Israel vai manter cinco soldados para cada colono judeu na cidade.
"Nós não estamos deixando a cidade, nós estamos nos realocando", disse Binyamin Netanyahu, o premiê de Israel.
Horas antes, vários postos de controle israelenses haviam sido removidos.
A retirada das tropas israelenses não foi seguida por comemorações tão grandes como as verificadas durante a saída de outras cidades da Cisjordânia.
"Vão embora. Por Deus, vocês não voltarão nunca mais", disse um palestino que observava a retirada israelense.
Intranquilidade
As primeiras horas que se seguiram à retirada parcial dos israelenses foram marcadas por agitações.
Centenas de jovens palestinos, que comemoravam a retirada, tentaram entrar numa área controlada por Israel e acabaram por enfurecer colonos judeus da região.
Pedras foram atiradas e soldados israelenses e palestinos intervieram para conter o tumulto.
Palestinos também atacaram soldados israelenses após o fechamento de uma movimentada rua perto do mercado de alimentos.
Não há notícias de feridos em nenhum dos conflitos.
Os colonos judeus disseram que o acordo foi uma traição. Liderados por um rabino, muitos deles rasgaram suas camisas. O ato é um sinal de luto pela "morte" da promessa de Netanyahu de não abrir mão das terras sagradas.

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