São Paulo, sábado, 18 de janeiro de 1997
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Palmeiras x Corinthians

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Até a noite de quinta-feira, todos os líderes governistas diziam que não havia como votar, na próxima semana, a emenda da reeleição.
Na sexta, no entanto, o governo decidiu levar a voto a dita emenda na semana que vem.
O que aconteceu de quinta para sexta? Nada. A não ser novos cálculos sobre as intenções de voto dos deputados ("criteriosíssimos", segundo o deputado Inocêncio Oliveira (PE), líder do PFL na Câmara).
Basta para que o governo tente recriar o ambiente de "já ganhou"? Não.
Então, o que, diabos, está acontecendo? O seguinte:
1 - o governo acha que tem os 308 votos necessários para aprovar a emenda. Mas sabe que não tem margem de segurança para arriscar-se (340 promessas de voto a favor).
2 - não obstante, acha que, alimentando o "já ganhou", evita que o Congresso se esvazie, o que inviabilizaria a votação.
Com o Congresso cheio, os governistas imaginam que, na hora de votar, os que se dizem indecisos e até alguns oposicionistas de mentirinha não terão coragem de votar contra para não perderem os espaços que já têm no governo.
3 - se, de todo modo, se verificar que não há margem de segurança, o governo se divide em três correntes:
A - se depender dos líderes governistas no Parlamento, adia de novo a votação até conseguir a margem.
B - se depender da opinião do governador Mário Covas (PSDB-SP), vota de qualquer jeito até para perder.
C - se depender só do presidente, desiste da via congressual e parte para outra (plebiscito, por exemplo), até pedindo a retirada da emenda.
Qual hipótese é mais provável? Responde o senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), líder do governo no Congresso:
"É Palmeiras x Corinthians, final de campeonato, com os dois com bons times e boas campanhas". Imprevisível, portanto.

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