São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Pratos se repetem em casas diferentes

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No galpão quente de 200 lugares do Peruchão, tudo é rústico, das toalhas ao serviço. O ambiente contrasta fortemente com a enorme concentração de carros importados em seu estacionamento, particularmente nos finais de semana.
Segredo? Os pratos enormes, que servem com folga duas pessoas -famintas: quarto de carneiro (R$ 25,00), espetos com seis camarões gigantes (R$ 30,00) e picanha (quatro medalhões, R$ 18,00).
À mesma família grega que administra o Peruchão pertence também O Rei do Carneiro na Brasa, no Tatuapé. Com pratos idênticos à outra casa, a ambientação aqui também é exótica.
Trata-se de um galpão aberto, com mesas grandes e grelha enorme, localizado no antigo clube da União dos Operários, entre um campo de bocha e um de futebol.
O recém-aberto Dona Felicidade, na Vila Romana, também emenda almoço e happy hour. Seus donos são os antigos proprietários do bar Pé pra Fora, no Sumarezinho. Sem as mesas na calçada, marca registrada da outra casa, o Dona Felicidade fica em um galpão antigo, que abrigava uma cartonagem (oficina em que se confeccionam artefatos de cartão).
Trabalha com pratos do dia -muitas vezes preparados pela mãe dos proprietários-, como feijoada (4ª e sábado, R$ 17,50, para duas pessoas) e bacalhau (sexta, R$ 30,00, também para dois).
O Acrópoles, no Bom Reitor, é exótico pelo cardápio -trata-se do único representante da cozinha grega na cidade. Seus 60 lugares são tomados na hora do almoço, desde 1965.
As toalhas de plástico dão o tom da simplicidade do ambiente. O proprietário, grego, convida os clientes a irem à cozinha escolher, diretamente da panelas, o que vão comer. As opções incluem saladas, frutos do mar (lula recheada e à dorê, polvo ao vinho) e carnes (carneiro, vitela e coelho), além da tradicional mussaka (torta de batata com berinjela e carne moída).
O toque do dono também fica evidente na Casa Garabed. Especializado em comida árabe, o local está em uma pequena rua residencial, em Santana, há 46 anos, tendo passado de pai para filho.
Fica em uma residência, sem placas na entrada, e tem apenas 20 lugares, vivendo, fundamentalmente, de entregas em domicílios na região. Tudo é feito na hora, em um enorme forno a lenha. A esfiha é assada na pedra e até o quibe cru demora, já que só se limpa a carne na hora do pedido.
O Consulado Mineiro se beneficia de sua localização: fica em Pinheiros, na praça Benedito Calixto, que abriga, aos sábados, uma feira de antiguidades. É comum seus clientes deixarem o nome na fila e irem à feira.
Seu grande público não parece se incomodar com a espera, e fica petiscando do lado de fora.
Os pratos se caracterizam pela simplicidade e pela generosidade, servindo sempre duas pessoas, e inclui os tradicionais tutu à mineira, vaca atolada (costela de boi com mandioca, couve e arroz) e opções mais leves, como frango Gerais (filé de frango com purê, molho de açafrão, arroz e couve).
Mas, para muitas famílias paulistanas, almoçar fora de casar é comer em cantinas -simples, barulhentas, superlotadas, com porções generosas e serviço caótico.
Em meio à vasta oferta de casas do gênero, a Posilippo, há 47 anos no mesmo endereço (com os mesmos azulejos desde a fundação), destaca-se pelos preços módicos e porções gigantescas. Massas como o fusili à calabresa servem duas pessoas, saindo por R$ 13,50; e a enorme perna de cabrito com batatas coradas e brócolis, para três pessoas, custa R$ 30,00.
Outra casa tradicionalíssima é a Balila, fundada no Brás, em 1935. Há nove meses, inaugurou outra filial, em Moema.
O novo endereço tem um visual um pouco mais moderno que o do Brás. Seus garçons são mais jovens -e os uniformes, também. Além disso, não há a cantoria que movimenta jantares da antiga casa.
Os pratos, porém, são os mesmos, destacando-se o famoso frango capão (R$ 12,00, para duas pessoas) e o cabrito ao forno com batatas e brócolis (R$ 20,00, também para dois).
(IFP)

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