São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Iris ameaça vetar emenda para manter união do PMDB

LUCIO VAZ
RAQUEL ULHÔA

LUCIO VAZ; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senador teme que partido saia 'estraçalhado' de votação na Câmara

O senador Iris Rezende (PMDB-GO) promete derrubar a emenda da reeleição no Senado caso deputados do partido aceitem votar a proposta na próxima semana na Câmara.
Rezende é candidato à presidência do Senado. "Se o PMDB votar lá (na Câmara) e o partido sair estraçalhado, aqui no Senado a gente derruba a emenda", afirmou.
Segundo ele, os senadores peemedebistas votariam contra a reeleição, mesmo sendo favoráveis à tese, para garantir a sobrevivência do partido.
Os senadores do PMDB disseram ontem que aceitariam a votação da reeleição no próximo dia 5 na Câmara. Em troca, querem um referendo (consulta popular para confirmar a decisão do Congresso) e a aprovação da fidelidade partidária e prazo de desincompatibilização.
Jader afirmou que a proposta era uma tentativa de solução para o impasse. "O racha do PMDB interessa ao PFL, que quer ser o dono da reeleição. O partido quer embolar a votação da reeleição para não cumprir o acordo de eleger o Temer", afirmou.
A proposta não foi nem sequer analisada na reunião de líderes governistas, da qual participou Temer. Ele garantiu 53 votos do partido na próxima semana a favor da emenda.
O senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), prevendo a implosão do partido, disse, com ironia, que o presidente Fernando Henrique deveria "baixar uma medida provisória extinguindo o PMDB".
"Eles (os deputados peemedebistas aliados do governo) estão levando o Temer para o matadouro", disse Cunha Lima.
Ele aposta na traição do PFL à candidatura do líder do PMDB à presidência da Câmara.
O presidente do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), tentou na noite de anteontem convencer Temer a reunir a bancada para decidir sobre a data de votação.
O líder disse que preferia encaminhar as articulações com as lideranças do partido (senadores e vice-líderes na Câmara).
Paes esperava que a reunião de bancada repetisse o clima da convenção do partido, que aprovou o adiamento da votação para após 15 de fevereiro.
Corpo-a-corpo
O governo e Temer apostam no contato direto deputado a deputado. Senadores têm informações que o próprio FHC chamou deputados da Paraíba para conversar e fazer um apelo pessoal para que mudem de posição.
Deputados contrários à reeleição já temem pela divisão do partido. O deputado José Aldemir (PB) levou essa preocupação a Paes ontem: "O governo joga na implosão do PMDB. Se houver votação e o governo perder, pelo menos 40 saem do partido".
Paes negou a possibilidade. "Não saem mais do dez. Eles (os líderes governistas) são vendedores de ilusão. Querem convencer o presidente de um quadro que não existe, como fizeram na convenção", afirmou.

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