São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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CPI dos precatórios pode atrapalhar FHC

Senador do PPB já fala em "CPI do sistema financeiro"

FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo está preocupado com o andamento dos trabalhos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado que investiga a emissão de títulos públicos, especialmente aqueles destinados ao pagamento de sentenças judiciais (precatórios).
A maior preocupação dos aliados de FHC é que partidos de oposição tenham acesso a informações sigilosas e passem a usá-las contra o governo. Isso poderia comprometer, neste momento, o encaminhamento da emenda da reeleição no Congresso.
Teme-se, por exemplo, o conteúdo de ligações telefônicas e de depósitos bancários que virão a tona com a quebra do sigilo bancário dos envolvidos -podendo comprometer até integrantes do Banco Central.
Ao todo, 31 instituições financeiras (incluindo corretoras, bancos e empresas coligadas) poderão ser investigadas detalhadamente.
"Na prática, chegamos a uma CPI do sistema financeiro, tão temida pelo governo", disse à Folha o senador Esperidião Amin (SC), integrante da CPI e presidente nacional do PPB.
Os dados sigilosos requeridos pela CPI ainda não chegaram aos técnicos que auxiliam o trabalho do relator, senador Roberto Requião (PMDB-PR). Isso deve acontecer a partir desta semana, e nenhum senador tem idéia sobre que tipo de informação poderá ser gerada pela comissão.
Na prática, a CPI só poderá investigar telefonemas e depósitos bancários referentes às operações com os títulos públicos emitidos por Estados e municípios para o pagamento de precatórios.
O Departamento da Dívida Pública do BC teve o sigilo dos seus telefones funcionais (fixos e celulares) quebrado pela CPI. A comissão poderá quebrar o sigilo telefônico e bancário do diretor de Normas do BC, Alkimar Moura.
O senador Roberto Requião já se irritou com a demora do BC em enviar documentos requeridos pela comissão. As primeiras informações sobre as instituições financeiras que serão investigadas não o agradaram. A listagem que chegou ao seu gabinete continha apenas o endereço e números telefônicos das instituições. O senador agora quer dados adicionais.

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