São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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"América" é símbolo de progresso

DO ENVIADO ESPECIAL A GOVERNADOR VALADARES (MG)

Em nenhuma outra parte do Brasil, os Estados Unidos exercem tanta influência sobre o imaginário de uma população como em Governador Valadares.
A "América", como dizem os valadarenses, é o símbolo máximo de progresso, de bem-estar social e de alternativa de vida.
"Boston e Nova York estão mais próximas dos valadarenses que outras cidades brasileiras, como São Paulo", compara o arquiteto Weber Soares, que pesquisou o fenômeno da imigração.
A influência norte-americana começou nos anos 40, quando a região era importante local de extração de mica.
Essa influência se estendeu pelos anos 50, durante a construção da estrada de ferro Vitória-Minas, tocada pela Morryson, empresa norte-americana contratada pela Vale do Rio Doce.
Segundo a antropóloga Gláucia de Oliveira Assis, valadarense que defendeu uma tese de mestrado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) sobre imigração, foi nesse período que se associou progresso ao nome "América".
"Os norte-americanos trouxeram o que havia de mais moderno. Luz elétrica, estrada de ferro e hábitos de consumo. Trouxeram o contato com o mundo", explica.
Gláucia Assis conta, ainda, que os primeiros imigrantes da cidade, na década de 60, reforçaram o mito da América.
"Era gente de classe média, que ia estudar, e voltava contando maravilhas da vida nos Estados Unidos", explica.
A crise econômica dos anos 80 -a "década perdida"- acabou empurrando a população da cidade para os Estados Unidos.
Metade dos atuais 33 mil imigrantes, afirma o arquiteto Weber Soares, saíram de Valadares entre 85 e 93.
"Valadares viveu o ciclo da exportação da mica e do café em décadas anteriores. Nos anos 80, a cidade exportou gente", compara.

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