São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Bradesco capta mais dinheiro "ousado"

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco, maior banco privado país, serve de termômetro para qualquer coisa que envolva dinheiro no Brasil. Em seus 5.518 pontos de atendimento, a temperatura das aplicações em direção ao risco também subiu.
No final de novembro, o Bradesco lançou os "Fundos Asset Manager", em parceria com a dupla Banco Patrimônio/Salomon Brothers, destinados a investidores conforme seu perfil de risco: conservadores, moderados ou dinâmicos (agressivos).
A maior parte dos aplicadores (76%) preferiu os fundos dinâmicos e moderados, mais expostos ao risco das Bolsas de Valores e de futuros. Os conservadores, preocupados com retorno de curto e médio prazo, ficaram com apenas 24% dos depósitos.
"Com a queda dos juros, os investidores, principalmente os de maior poder de poupança, querem mais pimenta em seus fundos. Por isso pudemos lançar serviços mais sofisticados de administração de recursos", diz Fábio Vidigal, diretor do Patrimônio.
Até o dia 22, os fundos dinâmicos, que aplicam até 50% de seu patrimônio em ações e até 20% nos diversos mercados de derivativos (de alto risco) e outros títulos (debêntures, títulos da dívida externa, etc.), haviam captado R$ 51,8 milhões (40,6% do total).
Os moderados, com até 40% em ações e até 20% em derivativos e outros títulos, abocanharam R$ 45,3 milhões (35,5%). Os conservadores, com exposição máxima de 10% em ações e 10% em outros papéis, levaram R$ 30,6 milhões.
É verdade que os três fundos são apenas uma gota no oceano de recursos de terceiros administrados pelo Bradesco, mais de R$ 13,5 bilhões. Mas, para um banco varejista e conservador que é, a associação demonstrou uma aposta firme na sofisticação do investidor.
Os "Fundos Asset Manager" aceitam depósitos a partir de R$ 20 mil e têm prazo regulamentar de 60 dias. Neles, os administradores têm mandato do de perdas -nunca se tira menos do que se investiu- e boas chances de superar a renda fixa quando a Bolsa sobe.
"Esses fundos são ideais para os investidores que já levaram traulitada com ações e querem garantir seu capital", explica Armond.
Outros tipos para quem quer ir além são os FIFs (Fundos de Investimento Financeiro) de 60 dias com fatias de até 20% de exposição nos mercados de derivativos -onde se negociam contratos futuros de ações, dólar, juros e "commodities".
O Banco de Boston é outro que percebeu a tendência do brasileiro em direção ao risco. No Boston Futuro Programado, que combina aplicações em poupança, renda fixa e ações, conforme o perfil do investidor, o percentual de depósitos destinados às Bolsas cresceu de 10%, há um ano, para 20%.
"Com a estabilidade, as pessoas começam a pensar em aplicações de longo prazo. Em cinco anos, as oscilações bruscas das Bolsas acabam se anulando", diz Fábio Nogueira, diretor do Boston.
(MG)

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