São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997 |
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Banda cambial vai variar em intervalos mais curtos
SÔNIA MOSSRI
A intenção de aperfeiçoar o sistema de bandas -os limites permitidos para a variação do dólar- foi anunciada na semana passada pelo ministro Pedro Malan (Fazenda). Segundo a Folha apurou, o governo estuda fixar bandas mais "curtas", ou seja, com intervalo de variação menor. Os limites atuais (piso de R$ 0,97 e teto de R$ 1,06) para a cotação do dólar, por exemplo, estão em vigor desde 30 de janeiro do ano passado. A moeda norte-americana ainda está no patamar de R$ 1,04. Com intervalos menores entre piso e teto, as bandas poderiam ser alteradas mais regularmente, o que proporcionaria maior previsibilidade à política cambial. Em economês, banda "larga" daria lugar à banda "curta". Ainda não existe consenso no Ministério da Fazenda sobre isso. Mas já há discussões sobre a periodicidade ideal das mudanças nas bandas: de seis em seis ou de quatro em quatro meses. Desvalorização O estudo em torno da mudança na periodicidade das bandas não é razão para se acreditar que o governo pretenda acelerar a desvalorização do real em relação ao dólar. Na área econômica, sabe-se que o Plano Real sobrevalorizou a moeda nacional em relação ao dólar, beneficiando importadores (que pagam em dólar) e prejudicando exportadores (que recebem em dólar). Há muito cuidado ao falar de política cambial em momentos de alta do déficit comercial, como o atual -qualquer medida pode ser interpretada como uma intenção de apressar a desvalorização do real para conter os déficits da balança. Quando anunciou a intenção de "aperfeiçoar" o regime de bandas, no dia do anúncio do déficit de US$ 5,5 bilhões em 96, Malan disse que não havia "alteração prevista na política cambial". Aparentemente, isso significa que o Real continuará sendo desvalorizado em relação ao dólar, em ritmo não anunciado pelo governo, mas em geral próximo ao da inflação no atacado. Se adotada, a mudança no calendário das bandas cambiais simplesmente serviria para que o mercado -bancos, exportadores, importadores, investidores e analistas- percebessem melhor essa política. Reservas As bandas cambiais passaram a ser adotadas em março de 95. Na maioria dos países que adotam o sistema, o banco central só intervém se a cotação do dólar ameaça ultrapassar os limites. No caso brasileiro, o BC intervém regularmente, comprando dólares para promover uma alta gradual das cotações. O governo acredita que o nível das reservas do BC, hoje na casa de US$ 60 bilhões em reservas, dão tranquilidade a tal política, apesar dos déficits comerciais. A previsão é que, mantida a atual política cambial, a reserva suba para US$ 70 bilhões em dezembro de 97, graças à entrada de investimentos externos. Texto Anterior: A lógica da Vale Próximo Texto: Retrocesso nas exportações Índice |
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