São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Bidê desaparece e vira peça em extinção

DA REPORTAGEM LOCAL

O banheiro foi alvo de algumas das principais modificações ocorridas nos apartamentos nos últimos anos. Tiveram sua área diminuída, mas aumentou o número desses cômodos na casa.
A diminuição também teve seus reflexos. "O bidê praticamente desapareceu dos banheiros", diz Bernardo Wenkert, 24, gerente comercial da incorporadora Brascan. Em muitos casos, o aparelho foi substituído por uma ducha adaptada ao vaso sanitário.
Um dos motivos do aumento do número de banheiros na casa é o cotidiano mais movimentado das famílias hoje. Outra questão é o conforto.
"Um só banheiro não consegue atender a toda a família na hora do rush doméstico", diz Walter Lafemina, 50, presidente em exercício do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias e construtoras de SP).
O banheiro é um cômodo mais caro para construir do que a média do resto do imóvel.
Mas não fazer uma suíte, por exemplo, significa perder potencial de venda. "Tem de agregar sem aumentar o preço, senão a empresa perde mercado", diz Alcides Gonçalves, 38, gerente de contratos da Método Engenharia.
Adaptação ao bolso
Já o "encolhimento" dos apartamentos é justificado pelas construtoras como uma forma de adaptar o preço do imóvel à capacidade de pagamento do consumidor.
Segundo levantamento do Secovi, em 1981 os modelos de três dormitórios tinham em média 183 m2 de área total. Hoje têm 137 m2, com o detalhe de que na maioria dos modelos atuais há duas vagas na garagem, contra apenas uma nos imóveis mais antigos.
A segunda vaga na garagem tornou-se uma necessidade porque o trabalho fora de casa deixou de ser exclusividade do homem.
"Antes, o mercado não se ressentia de haver só uma vaga na garagem porque a mulher ficava em casa, e a família tinha só um carro", diz Lafemina.
Segundo ele, nos imóveis de alto padrão há necessidade de pelo menos três vagas para guardar o carro dos filhos adolescentes.
Segundo os construtores, todas essas mudanças são ditadas pelo mercado. É que as necessidades dos compradores mudaram.
Aprendiz
A arquiteta Andréa Gonzaga, 31, é um exemplo das novas necessidades. Ela mudou recentemente para um apartamento novo em Moema (zona sul de SP) escolada em problemas de "prédio velho", em cujo apartamento fez reformas na parte elétrica. Mesmo assim, não podia ligar diferentes eletrodomésticos ao mesmo tempo.
"O disjuntor caia. Tenho microcomputador e preciso de uma rede estável e tomada com fio-terra."

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