São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Best seller recebe crítica de cientistas

DA REDAÇÃO; DO "LIBÉRATION"

"Museus pudicos preferem esconder os objetos ligados ao sexo ou os rotulam como 'objetos rituais"', diz Taylor
O agente literário de Timothy Taylor é o mesmo do paleontólogo Richard Leakey e de Stephen Jay Gould, campeões de venda de divulgação científica de qualidade. Mas torpedos críticos do tamanho dos que Taylor têm recebido de cientistas jamais atingiram os outros dois escritores, apesar de o livro ter recebido alguns elogios rápidos de pesquisadores reputados.
O livro de Taylor foi lançado em outubro nos EUA e Reino Unido. Já vendeu, em cada país, 10.000 exemplares. Foi comentado em revistas que publicam pesquisa científica de ponta e na "Playboy".
"É tudo decepcionante", escreveu Yvonne Marshall, do departamento de arqueologia da Universidade de Southhampton (Reino Unido), em resenha publicada na revista "Nature", uma das duas mais reputadas publicações científicas do planeta.
marshall concede que o projeto de Taylor é correto: fazer um levantamento do comportamento sexual na história baseado na tese, contrária a dos sociobiólogos, de que a sexualidade humana é basicamente cultural. Para Taylor, a diversidade das práticas sexuais indica que a sexualidade humana é tanto uma atividade social como uma necessidade reprodutiva.
Mas a arqueóloga argumenta que seu colega não identifica nem situa corretamente as fontes do material que expõe, especialmente quando ele é polêmico -um objeto retirado de seu contexto pode dar margem a interpretações delirantes. Marshall diz também que Taylor não desenvolve uma teoria adequada para sustentar suas hipóteses. Além do mais, Taylor teria feito uma salada de teorias e ignora a literatura sobre a qual escreve, afirma Marshall.
No jornal britânico "The Observer", o célebre arqueólogo Colin Renfrew, da Universidade Cambridge, escreveu que tudo no livro de Taylor parece planejado para produzir mesmo um best seller, mas admite que sua tese sobre os bastões de forma fálica utilizados na prática da masturbação é "muito interessante".

Com o "Libération"

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