São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Britânicos vetaram exibição

LUCIA MARTINS
DE LONDRES

A pedido dos moradores, "Crash", de David Cronenberg, foi vetado em cinemas da região oeste de Londres na terceira semana de novembro do ano passado.
A decisão foi tomada pela Westminster City Council, uma espécie de subprefeitura, após o filme ter sido assistido por uma equipe de "watchdogs" (como são conhecidos os fiscalizadores de tudo o que é exibido no Reino Unido).
"Crash" foi considerado de "mau gosto" e "nocivo" à sociedade. Mas a proibição ainda é provisória e pode ser derrubada pela avaliação final da BBFC (a sigla em inglês do órgão que classifica os filmes no país e decide o que pode ser exibido ou não).
"Estamos mais restritivos agora. Mas isso aconteceu porque houve muitas reclamações do público", disse Zandra Barry, relações-públicas da BBFC. Segundo ela, o trabalho de avaliação do filme não tem prazo para acabar.
"Crash" chegou a ser exibido em Londres, mas só durante o 40º London Film Festival, no início de novembro. No circuito comercial, a estréia estava prevista para o início deste ano.
Na semana passada, os jornais britânicos publicaram reportagens afirmando que os censores estão sendo pressionados a liberar o filme de Cronenberg.
A pressão estaria ocorrendo por causa das críticas feitas pelos opositores que acusam o governo conservador a usar a censura para ganhar votos na véspera das eleições (maio deste ano).
A BBFC não proíbe um filme desde 1990, mas aumentou o número de vetos a vídeos nos últimos anos (de 1 em 1993 para 3 no ano passado).
Outros casos
"Crash" é apenas um dos casos de censura ocorridos no ano passado no Reino Unido.
Em novembro, os juízes da Corte Européia de Direitos Humanos, com sede em Estrasburgo (França), consideraram, por 7 votos a 2, correta a decisão britânica de proibir o filme "Visions of Ecstasy"
O curta-metragem -sobre uma freira espanhola que tem visões eróticas com Jesus Cristo- havia sido vetado pela BBFC em 89 por "ser uma blasfêmia e ofender os cristãos".
Como a Corte era a última instância, o diretor Nigel Wingrove não pode mais recorrer.
A censura também atingiu a TV. Em outubro, o Canal 4 britânico de sinal aberto foi obrigado a pedir desculpas aos espectadores e a pagar uma multa de US$ 800 mil por ter exibido uma cena de incesto em um seriado.

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