São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Argentino tentou proibir o filme

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

O filme "Crash" já alcançou mais de 90.000 espectadores na Argentina, onde estreou em 21 de novembro. Mas esse número poderia ter parado em 17.600 (público da primeira semana) se tivesse sido bem-sucedido o pedido de proibição promovido pelo grupo Familiares de Vítimas de Trânsito.
Entre os espectadores dos primeiros dias estavam o advogado Gregorio Dalbon, líder dos familiares dos acidentados, e a juíza Agueda Vila de Gené, que recebeu a ação iniciada por Dalbon pedindo que o filme fosse banido.
Dalbon argumentou que este fazia "uma exaltação dos acidentes de trânsito, por meio da excitação sexual dos protagonistas, mostrando cenas de alto conteúdo agressivo". O advogado classificou o filme de "nefasto". Dalbon já tinha atraído a atenção meses antes, quando foi agredido por desconhecidos, atribuindo o fato à sua liderança nas campanhas contra os condutores imprudentes.
"É um disparate que se veja um filme com personagens que têm relações sexuais em carros à alta velocidade em um país com 30 mortes diárias em consequência de acidentes em ruas e estradas", afirmou Dalbon.
A ação, porém, foi julgada improcedente pela juíza, que considerou que o público tinha liberdade de escolha de ver ou não o filme.
Antes de entrar em cartaz em 10 cinemas de Buenos Aires, a produção foi classificada para um público acima de 18 anos.
Presente entre os filmes de exibição do 12º Festival de Cinema de Mar del Plata, "Crash" foi lançado no circuito argentino uma semana após o encerramento da mostra, se valendo da repercussão criada.
Mas mais da metade dos espectadores argentinos de "Crash" saiu durante a projeção.
Nas salas, duas cenas causaram mais desistências entre os presentes: a de sexo anal, encenada por James Spader e Deborah Kara Unger, e a de relação homossexual, entre James Spader e Elias Koteas.
Atualmente, o filme está em exibição em quatro cinemas da capital argentina e mais seis da costa atlântica, aproveitando a onda de turistas nas cidades balneárias.

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