São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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Tese de líder tem plágio

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Quando coletava, em 1990, material para o projeto "Documentos de Martin Luther King Jr.", em que a Universidade de Stanford reúne a íntegra do que o líder negro escreveu, Clayborne Carson descobriu que seu ídolo cometera plágio em sua tese de doutoramento em Boston.
King usara, sem citar, trechos inteiros de trabalhos do téologo Paul Tillich e de colegas seus. Para Carson, a decisão de revelar ao público a descoberta foi uma das mais difíceis da vida.
O exemplo de retidão moral deixado pela atuação política de King poderia sair machucado com a publicidade. Na época, havia grande debate nos EUA sobre o Dia de Martin Luther King, o feriado nacional em sua homenagem, que alguns Estados do sul do país se recusavam a observar. Mas Carson achou mais importante manter a sua própria integridade intelectual.
A Universidade de Boston reconheceu o plágio e juntou aos documentos do doutoramento de King uma admoestação formal. Mas não lhe cassou o título de doutor.
A comissão que examinou o caso deliberou que, apesar dos trechos usados sem referência aos autores, a parte original da tese de King "ainda constitui uma importante contribuição acadêmica".
No fim, a revelação do plágio não afetou a reputação de King mais do que, anos antes, a de que ele havia cometido infidelidade conjugal. Em 1997, o Dia de Martin Luther King foi comemorado, no último dia 20, nos 50 Estados do país, sem protestos. Por ter coincidido com a posse de Bill Clinton, que citou King em seu discurso, teve mais realce do que nunca.
(CELS)

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