São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997
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DEDICAÇÃO POLÍTICA

Convocados extraordinariamente para dar trâmite a diversos temas, deputados federais e senadores ocuparam-se nas últimas três semanas praticamente apenas da emenda da reeleição para o Executivo. E o fizeram com uma dedicação raramente vista na apreciação de outras matérias de importância ainda maior.
O mesmo singular interesse tomou conta do Executivo. Na Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso não havia demonstrado tamanho empenho na aprovação de nenhum outro projeto. Enquanto parlamentares iniciavam suas discussões logo no início da manhã, FHC se mostrava atento a qualquer pronunciamento de membros do Legislativo acerca da reeleição.
Pois chega-se agora à semana que o governo considera decisiva para dar um encaminhamento final ao tema. O presidente deseja aprovar a emenda até o fim do mês, mas, caso isso não seja possível, o plebiscito se tornaria a alternativa mais viável. O fato é que, qualquer que seja o desfecho, Executivo e Legislativo estarão liberados desse desgastante processo, podendo, espera-se, dedicar-se às tão necessárias reformas e ao cotidiano de suas áreas de atuação.
Na apreciação das reformas, seria desejável, se não a mesma, pelo menos boa parte da dedicação demonstrada no episódio reeleição -na verdade, nada mais do que apenas um aspecto de uma das grandes necessidades do país: a reforma política.
Trata-se, obviamente, de uma expectativa ingênua, de exigir uma presteza da qual os envolvidos já comprovaram não ser capazes. Se a reeleição foi agraciada com uma grande presença de parlamentares em Brasília, disputas fervorosas na comissão que analisou a emenda e o envolvimento direto das principais lideranças políticas do país, as reformas da Previdência, tributária e administrativa deveriam receber tratamento no mínimo semelhante.
Mas quem acredita nisso?

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