São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997 |
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A CIÊNCIA, A SEU TEMPO A notícia, divulgada pelo próprio David Ho, responsável pelo chamado coquetel anti-Aids, de que essa associação medicamentosa não eliminou completamente o vírus dos corpos de seus pacientes não deve ser vista como uma derrota na luta contra a infecção. Ho e outros especialistas sempre alertaram para o fato de que estudos mais aprofundados tinham de ser realizados. Muitos também se questionavam sobre a eventual capacidade de o vírus encontrar uma maneira de "driblar" a ação das drogas (essa questão continua em aberto). O fato é que o coquetel -descoberta inestimável- prolonga a vida dos doentes e lhes dá melhores condições de existência. Mas, se algumas pessoas pensaram que a Aids já não era um problema, fizeram-no inopinadamente e sem amparo técnico. Alimentar falsas esperanças ou, em certo sentido, incentivar as pessoas a descuidar da prevenção (principalmente o uso de camisinhas) é como cometer um crime. O que existe até o momento -e não é pouco- é uma bateria de fármacos contra a Aids que constitui um caminho muito promissor para prolongar a vida de doentes. Preços elevados e efeitos colaterais indesejáveis são hoje desafios para os pesquisadores. Mas a ciência tem o seu tempo, que, infelizmente, difere do dos anseios da sociedade. Texto Anterior: DEDICAÇÃO POLÍTICA Próximo Texto: Apenas um imenso cansaço Índice |
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